Por Marina da Silva Pereira
Um estudo realizado no Brasil pela Universidade de São Paulo e publicado em fevereiro de 2013 no periódico Nutrition, apontou como anda a alimentação dos nossos pequenos (2 a 6 anos) nas escolinhas e creches, tanto da rede privada quanto pública, tendo como amostra nove cidades brasileiras.
Foram avaliadas 3058 crianças que permanecem em período integral nas escolas, através da coleta do peso, da altura e da avaliação do consumo alimentar destas crianças, além do registro e pesagem direta dos alimentos e bebidas distribuídas nos locais de permanência dos pré-escolares.
Como resultado encontrado, 28% da amostra de crianças apresentavam algum grau de sobrepeso ou obesidade, sendo com maior prevalência nas escolas privadas (32%) enquanto nas escolas públicas (27%).
Quanto às avaliações das refeições fornecidas nas escolas, somente 22% estavam adequadas quanto à quantidade de fibras. As fibras alimentares são essenciais ao bom funcionamento do nosso corpo, sendo consideradas como alimentos funcionais, pois além de melhorar a saúde e bem-estar, também ajudam na redução do risco de doenças, principalmente do diabetes melito, doenças cardiovasculares, síndrome do intestino irritável, obesidade, diverticulose e câncer de cólon retal e auxiliam na promoção da saciedade, prevenção de constipação intestinal, aumento da glicemia após as refeições e controle de colesterol e de triglicerídeos.
Além da inadequação das fibras, dois micronutrientes chamaram a atenção pela baixa ingestão das crianças, sendo a vitamina E, vitamina D e nas crianças com mais de 4 anos, 45% delas ingerem cálcio de forma insuficiente.
Estes micronutrientes são muito importantes para a formação e manutenção das crianças, como a vitamina D que participa do crescimento normal de dentes e ossos e sua deficiência leva ao raquitismo. Já a vitamina E, um importante antioxidante, também apresentou um consumo deficiente nas crianças, pois suas fontes alimentares não participam da dieta usual dos pré-escolares, como os óleos vegetais (girassol, milho, canola, oliva) e no farelo de arroz e de trigo.
Porém não somente déficits alimentares foram encontrados, o excesso de gordura saturada e de sal foram os mais importantes, sendo que aproximadamente 90% das crianças ingerem mais sal do que o necessário.
Portanto a sociedade, envolvendo não somente os funcionários das escolas, mas também pais, professores, gestores públicos devemos agir de forma mais efetiva na alimentação das nossas crianças, promovendo a mudança alimentar desde o ambiente familiar, escolar e social, caso contrário estaremos permitindo a repetição dos mesmos erros alimentares.
A busca pela praticidade na hora da alimentação, que observamos na população adulta e de jovens do mundo todo deve ser repensada, pois tem resultado nos dados elevados de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, Diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e tantas outras.