Caso grave de enjôos nos primeiros meses de gravidez. Essa é uma das principais características da hiperêmese gravídica, termo médico que veio à tona depois da notícia de que a princesa Kate Middleton, esposa do príncipe, foi diagnosticada com o problema. Entretanto, essa condição é comum em muitas mulheres grávidas, especialmente no primeiro trimestre da gestação.
Em boa parte dos casos, a hiperêmese gravídica requer que a gestante fique em repouso e, precise, não raramente, se licenciar do trabalho, pois ela pode acabar por ser incapacitante. Alguns dos principais sintomas são: vômito várias vezes por dia, vômito praticamente sempre que bebe ou come alguma coisa, emagrecimento, dificuldade em conseguir executar as tarefas do dia-a-dia, dificuldade de fazer a náusea melhorar (não consegue nem usar medicamentos anti-eméticos porque os vômitos não permitem).
Para entender melhor como ocorre esse problema, o Medicina & Saúde conversou com a médica Giovana Donato, que é ginecologista obstétrica do Hospital São Vicente de Paulo. Confira.
Medicina & Saúde – A hiperêmese gravídica é comum?
Giovana Donato – Cerca de 50% a 60% das gestantes apresentam náuseas e vômitos no primeiro trimestre, condição que costuma melhorar a partir deste período. Este fenômeno é transitório e fisiológico, devido às alterações hormonais da gravidez. Ocorre de forma variável, desde sintomas leves, despertados por odores ou sabores, até casos um pouco mais intensos. O tratamento passa por orientações alimentares e comportamentais, até o uso de medicamentos em casos mais intensos.
M&S – Quais as principais características desse problema?
GD – Considera-se hiperêmese gravídica quando as náuseas e vômitos são persistentes, frequentes durante o dia, e às vezes muito severos, comprometendo o equilíbrio da água corporal e eletrólitos, como sódio e potássio. Este quadro pode persistir e não ceder facilmente aos tratamentos mais simples, podendo progredir até distúrbios nutricionais e metabólicos, com perda de peso e desidratação.
M&S – Qual a frequência de casos entre as gestantes?
GD – A hiperêmese gravídica é menos frequente, ocorrendo por volta de uma em cada 500 gestações, dependendo da população estudada. Além das alterações hormonais, outras causas parecem estar presentes e estão em estudo em algumas mulheres com hiperêmese gravídica, como substâncias liberadas pela placenta para a circulação materna e a deficiência de algumas vitaminas.
M&S – Qual é o tratamento indicado?
GD – O tratamento deve iniciar com o pronto reconhecimento da patologia, utilizar mudanças alimentares e início de medicamentos mais potentes, além de internação precoce das gestantes, para evitar as consequências para a mãe e seu bebê.