Por Guido Boabaid May
Nos dias atuais, a grande massa de médicos no mundo ainda atua com base em tentativas de “acerto e erro” na hora da prescrição de medicamentos aos seus pacientes, indicados pelos protocolos médico-hospitalares. Mas desde a descoberta do Genoma Humano, em 1953, cientistas buscam ferramentas para ajudar a diagnosticar corretamente (e individualmente) cada ser humano. No Brasil, isso já é realidade para pacientes das áreas da Cardiologia, Cérebro & Comportamento e Saúde da Mulher.
Entender como funcionam os genes gerou um salto histórico à Ciência. E sua evolução científica está abrindo as portas para uma infinidade de novas pesquisas e tecnologias, já transformando radicalmente a vida de milhões de pessoas nos Estados Unidos e, agora, em nosso país.
No mundo, mais de 50% das pessoas (um a cada dois pacientes) possuem uma variante genética que altera o modo com que as medicações são metabolizadas ou ativadas. Pacientes com variantes genéticas tem uma probabilidade oito vezes maior de apresentar uma reação adversa ou falta de eficácia para suas medicações prescritas. É aí que entra a Farmacogenética, responsável por estudar o comportamento de remédios no corpo.
Recentemente chegaram ao Brasil sete novos “testes farmacogenéticos”. Por meio da análise de determinados genes, essas modernas ferramentas diagnósticas estão ajudando a identificar o medicamento certo, na dose certa para cardíacos, para quem faz acompanhamentos psiquiátricos e para a análise de estrogênio – importante às mulheres vão entrar ou estão na menopausa e ajudam a avaliar riscos de câncer de mama.
E como funcionam esses testes farmacogenéticos? O código DNA de cada pessoa pode influenciar na maneira como cada organismo irão responder às determinadas medicações. Por isso há diferenças genéticas que afetam seus atributos físicos, como a altura ou a cor dos olhos, por exemplo. Algumas dessas diferenças de genes também podem afetar a habilidade em responder a medicamentos, seja em relação à sua eficácia e/ou em relação a ocorrência de efeitos colaterais.
Com os testes farmacogenéticos podem se propor alternativas de tratamento assertivas, de modo a aumentar a eficácia da resposta aos medicamentos no menor tempo possível e a eficácia dos tratamentos no objetivo de controle/cura de doenças. É a Medicina Personalizada aportando no Brasil para vai auxiliar a classe médica a prescrever terapêuticas personalizadas e mais seguras.
Guido Boabaid May é diretor médico da GnTech Tests, é formado em medicina pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e especialista em psiquiatria pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Também é membro da Associação Catarinense de Psiquiatria, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria e da Associação Americana de Psiquiatria