Uma grande perda

Por Juliana Scchneider

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Acho digno, como diz uma querida amiga, uma coluna em homenagem a estilista que nos deixou na semana que passou. Não apenas por minha super admiração pelo seu trabalho, mas, também, pelo que a morte da estilista e dona das marcas Huis Clos e Maria Garcia, Clô Orozco, significa para o mercado da moda brasileira.

Clô era considerada uma das pessoas mais interessantes e inteligentes do meio da moda nacional. Formada em sociologia, sua Huis Clos sabia “ler” de forma precisa a mulher urbana e moderna que surgira a partir dos anos 1980. Aliás, o próprio nome da marca, veio de uma citação de Jean Paul Sartre, e se refere a "discussão a portas fechadas" em francês.

Eu, particularmente sempre fui fã do trabalho da Clô, tanto na Huis Clos quanto na Maria Garcia. Apesar de não ser consumidora assídua, admirava boquiaberta suas interpretações dos desejos de mulheres, os quais eu sempre me encaixei deireitinho: tudo muito clean, linhas retas, tecidos nobres, nada de modinha, conforto e de bom gosto, sempre.

Clô Orozco se suicidou. E o gatilho: A moda. Na verdade o mercado da moda nacional. Os grandes conglomerados de marcas se tornaram gigantes que estão acabando com os pequenos, onde estão incluídos os melhores criadores do Brasil. A estilista não escondia de ninguém que suas marcas atravessavam dificuldades financeiras. E, talvez, não tinha interesse em vender sua história, seu nome, suas criações e tudo que construiu, como vemos constantemente. Segundo Glória Kalil, a morte de Clô é um símbolo do que anda errado na moda brasileira. Tufi Duek, por exemplo, foi o fundador e estilista da Forum, da Triton e da sua marca homônima por muitos anos. Agora, as três marcas pertencem ao mesmo grupo que cria as roupas da Colcci e da Coca Colla. Tufi, deve estar em algum lugar, com muito dinheiro, com certeza, mas nem sabe o que a marca que leva o seu nome vai propor aos consumidores. Até que ponto isso é certo? O caso de Marcelo Sommer também é interessante de ser citado. Marcelo vendeu sua marca, no caso seu nome, para essa mesma empresa que faz as roupas da Colcci, Forum, e as outras já citadas. Logo se arrependeu, pois viu que lá não teria como fazer a sua moda com a sua cara e se deu conta que o mercado falava mais alto. Mas ao se arrepender já era tarde. Perdeu o direto de usar seu próprio nome, em qualquer que fosse seu próximo trabalho.

Enfim, é um assunto super delicado. Que daria para encher páginas e mais páginas. E Clô Orozco nos mostrou quão complexo pode ser, até porque ela, talvez, não viu mais saída. 

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