O Ministério da Saúde vai disponibilizar, gratuitamente, na rede pública, um teste rápido para diagnóstico de tuberculose com capacidade de detectar a presença do bacilo causador da doença em apenas duas horas. O Gene Xpert, como é denominado, também identifica se a pessoa tem resistência ao antibiótico rifampicina, usado no tratamento da doença.
Para a implementação da nova tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde está investindo R$ 12,6 milhões. Os recursos são para a aquisição de testes, máquinas (computadores de última geração, com leitor de código de barras e impressora) e no treinamento dos profissionais de saúde. O teste rápido deverá ser disponibilizado na rede pública até o final desde ano.
“Este teste permite que as pessoas deixem as unidades de saúde já com o diagnóstico, possibilitando, assim, que iniciem o tratamento mais precocemente”, afirmou o secretário Jarbas Barbosa, durante a solenidade.
O Gene Xpert, que já está em funcionamento nas cidades do Rio de Janeiro e Manaus desde o ano passado, será implantado em todos os municípios com mais de 200 casos novos notificados em 2012. Também será disponibilizado nos municípios considerados estratégicos, segundo critérios epidemiológicos (municípios com grande população prisional, população indígena e algumas cidades de fronteiras). Do total de casos de tuberculose, 60 municípios respondem por 56% das novas notificações de todo o país.
Teste
O teste rápido para o diagnóstico da TB utiliza técnicas de biologia molecular para identificar o DNA do Mycobacterium tuberculosis. No Rio de Janeiro e em Manaus foram realizados estudos de aceitabilidade e custo-efetividade do uso do novo teste. No quesito qualitativo, o Gene Xpert revelou alta satisfação por parte dos usuários e profissionais de saúde, especialmente pela rapidez no resultado e simplicidade de execução.
No exame tradicional são necessários de 30 a 60 dias para realizar o cultivo da micobactéria e outros 30 dias para se obter o diagnóstico de resistência à rifampicina). Com o novo teste, os índices de sensibilidade e especificidade chegam a 92,5% e 99%, respectivamente. O que diminui radicalmente a possibilidade de um resultado falso positivo.
Casos
Dados do novo boletim epidemiológico revelam que, no ano passado, o país registrou 70.047 casos novos de tuberculose, número 9,6% menor do que o em 2002 – com 77.496. Em 2012, a taxa de incidência da doença foi de 36,1/100 mil habitantes, enquanto em 2002 era de 44,4/100 – o que representa uma queda de 18,6% no período. Em 2010, o número aproximado de óbitos foi de 4,6 mil e a taxa de mortalidade em 2,4/100 habitantes.
Quanto ao perfil do paciente, aproximadamente 66% dos casos de tuberculose notificados, em 2012, são do sexo masculino. A frequência é maior entre 25 e 34 anos, em ambos os sexos. Quanto à escolaridade, 58,2% dos casos novos tinha até oito anos de estudo. São mais vulneráveis à doença as populações indígenas, presidiários, moradores de rua - estes devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e às condições específicas de vida -; além das pessoas vivendo com o HIV.
Em 2012, o percentual de pacientes com tuberculose, que fizeram teste de detecção do HIV, subiu para 53,3%. Em 2001, apenas 25,8% dos pacientes fizeram o teste. Como a tuberculose é a principal causa de morte de pessoas com HIV, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de sobrevida do paciente.