Quebrando tabus

De assunto delicado a tema de palestras. Chegou a hora de falar sobre sexo.

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Não é de hoje que sexo é um tabu. Aliás, mesmo com toda a informação disponível, o sexo continua sendo um assunto delicado.  Com a intenção de acabar com esse problema e debater a sexualidade de forma aberta e sem preconceitos, Laura Muller se divide entre os atendimentos psicológicos, as participações no programa Altas Horas, as colunas e entrevistas para a mídia em geral, além das palestras que faz por todo o país. 

Uma dessas conversas vai acontecer aqui em Passo Fundo. A sexóloga desembarca na cidade para a terceira edição do Sexaholic, evento voltado para mulheres, que acontece no próximo dia 21, às 20h30min no Salão Nobre do Clube Comercial.

Antecipando o bate-papo, Laura deu uma entrevista para o caderno Mix em que fala, claro, sobre sexo.

Mix - Como começou a sua carreira? Quando você começou a falar sobre sexo?

Laura Muller - Minha primeira formação é em Comunicação Social: eu me formei no início dos anos 90 e fui trabalhar como jornalista na Folha de S.Paulo e Folha da Tarde. Passados alguns anos, surgiu uma vaga de editora de comportamento e sexualidade na revista Claudia, e eu topei o desafio. Quando cheguei na revista, vi o quanto era difícil falar sobre sexo e resolvi me especializar: foi quando fiz a pós-graduação em Educação Sexual. A partir daí, lancei livros e comecei a dar palestras para jovens, adultos e terceira idade, pelo Brasil todo. Ao final das palestras, as pessoas me pediam para atender em consultório, mas para isso é necessário ser médico ou psicólogo. Fui, então, cursar Psicologia. Ou seja, uma coisa puxou a outra. Hoje minha atuação profissional se divide em consultório, palestras, livros e ações variadas com a mídia, como o programa Altas Horas, do qual participo todo sábado esclarecendo dúvidas da plateia.

Mix - O mundo hoje é muito conectado, as pessoas têm informação de fácil acesso, mas ainda existe a questão: o sexo continua sendo um tabu?

Laura Muller - Continua sim. Ainda é muito difícil falar sobre o tema na escola, em casa, entre o casal, na mídia e na sociedade como um todo. Pensando nesse cenário, lanço em junho um novo livro: “Educação Sexual em 8 Lições”, sobre como orientar da infância à adolescência, um guia para professores e pais, que escrevi após inúmeras solicitações deles sobre como lidar com esse tema tão tabu na nossa cultura.

Mix - Em relação às mulheres, quais são as principais preocupações ou dúvidas delas quando o assunto é sexo?

Laura Muller - As mulheres da atualidade estão bastante preocupadas em como conseguir mais prazer e chegar ao orgasmo. As que são mães se preocupam também em como fazer uma educação adequada aos filhos.

 

Mix – Em relação à educação sexual, qual a melhor época para a criança saber sobre sexo?

Laura Muller - Desde que surgem as primeiras perguntas na infância. Claro que para uma criança pequena não será necessário orientar com tantos detalhes como devemos fazer com a proximidade da pré-adolescência. Mas as perguntas devem ser respondidas da forma mais clara possível, em linguagem que a criança consiga entender no seu processo de desenvolvimento. Vale lembrar: a educação sexual não estimula uma sexualidade precoce, como muitos podem pensar. Pelo contrário: ajudará o futuro jovem a fazer escolhas mais amadurecidas, responsáveis, saudáveis e prazerosas quando chegar sua fase de iniciação sexual. 

Mix - Você tem uma relação muito estreita com os jovens, principalmente pelo programa. Quais são as maiores preocupações dos jovens hoje?

Laura Muller - Eles querem saber sobre três grandes eixos que costumo trabalhar bastante em palestras em escolas e outros espaços para eventos. São eles: 1) gravidez fora de hora; 2) doenças sexualmente transmissíveis; e 3) a prática do sexo em si, o que inclui o afeto, o prazer e a diversidade.

Mix - Qual a importância da mídia, dos meios de comunicação para quebrar tabus e ajudar a promover o sexo seguro e saudável?

Laura Muller - A mídia como um todo é um veículo poderoso de informação e pode impactar milhões de pessoas de forma clara e direta. Isso é bastante positivo para a educação sexual. Acredito muito no poder transformador da mídia, tanto que faço ações não só por meio da TV, mas também escrevendo para sites, como o meu www.lauramuller.com.br e outros, além de redes sociais, jornais e revistas, bem como por meio de entrevistas variadas a esses meios e também à rádio.

Mix - Muitas mulheres ainda parecem ter muito receio em falar do assunto e até mesmo de se entregar em uma relação. Que dicas você dá para essas mulheres que buscam um algo a mais no relacionamento, mas muitas vezes têm medo de expor suas próprias vontades?

Laura Muller - Respeitar os próprios limites é a maior dica. A gente só deve ir na cama até onde aquela prática não nos fere física nem emocionalmente, e ao mesmo tempo não fere quem está ao lado. Isso é o básico. Outra dica é se abrir a dar novos e mais positivos significados ao sexo, o que pode começar a ser feito com a busca de informação, em entrevistas como esta aqui, em palestras como a que teremos na cidade, em livros e em todo o lugar onde for possível encontrar conteúdos de qualidade. Isso pode ser transformador para a vida como um todo.

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