Câncer de mama: o primeiro em incidência nas mulheres

O que fazer para mudar este quadro: diagnóstico precoce. Encontrar a doença ainda em fase inicial aumenta as chances de cura.

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A visita periódica ao médico pode ser a chave para evitar uma das doenças mais temidas pela humanidade: o câncer. No caso das mulheres, uma das maiores preocupações é com o aparecimento do câncer de mama, que é segundo mais frequente em números absolutos e o mais prevalente entre o público feminino. Esta semana o assunto voltou à tona com a corajosa decisão da atriz Angelina Jolie em retirar as duas mamas preventivamente depois de realizar teste cromossômico que apresenta risco de 86% em desenvolver este tipo de câncer e o câncer de ovário.

Somente no ano de 2010, o câncer de mama fez 12.852 vítimas no país, segundo os dados apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo tipo mais frequente no mundo, é o que mais aparece em mulheres. Do total de casos de câncer, mais de 20% são de mama.

O que fazer para mudar este quadro: diagnóstico precoce. Encontrar a doença ainda em fase inicial aumenta as chances de cura. E para conseguir isso, a visita regular ao médico pode ser a chave para descobrir o câncer ainda nos primeiros momentos. Saber da história familiar é igualmente importante. Mulheres que têm na família casos de câncer mama em parentes de primeiro grau apresentam mais chances de desenvolver a doença. Se os casos ocorreram antes dos 50 anos e em dois ou mais familiares, a indicação é fazer um exame que investiga anomalias em dois cromossomas que, por sua vez, apresentam chance de 86% em desenvolver a doença e também o câncer de ovário.

Foi a realização deste exame que levou a atriz Angelina Jolie a fazer uma cirurgia para retirada das duas mamas, chamada de mastectomia preventiva, ou profilática. A atitude da atriz foi corajosa, pois para muitas mulheres a retirada do seio apresenta sintomas emocionais negativos. A atriz perdeu a mãe vítima do câncer de mama e já anunciou que está pensando em também fazer a cirurgia para a retirada dos ovários.

De acordo com o Inca, no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama são elevadas. A crença é porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Dentre os sintomas estão alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações, inclusive no mamilo, ou aspecto semelhante a casca de laranja, secreção no mamilo também e aparecimento de nódulos. O sintoma principal do câncer palpável é o nódulo (caroço) no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.

Diagnóstico precoce

A hereditariedade é responsável por apenas 10% do total de casos, mulheres com história familiar de câncer de mama, especialmente se uma ou mais parentes de primeiro grau (mãe, filhas ou irmãs) foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de desenvolver a doença, conforme o Inca.

Esse grupo deve ser acompanhado por médico a partir dos 35 anos. É o profissional de saúde quem vai decidir quais exames a paciente deverá fazer. Primeira menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos e não ter tido filhos também constituem fatores de risco para o câncer de mama.

Mulheres que se encaixem nesses perfis também devem buscar orientação médica. As formas mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico e a mamografia.

Mastectomia preventiva

De acordo com o mastologista Diógenes Basegio, a mastectomia preventiva é uma situação que se faz em alguns casos em que são observados critérios determinantes. “Uma paciente, por exemplo, que tem um risco genético de ter câncer de mama, que não é só ter história familiar de câncer, mas aquela mulher que tem na sua composição genética alteração em seus genes, que apresentam risco de 86% de vir a desenvolver câncer de mama durante a sua vida, tem a indicação, desde que haja concordância da paciente, e conte com auxilio da equipe multidisciplinar, envolvendo psicólogos, médicos”, salienta. “Uma segunda indicação é nas pacientes que tenham lesões de risco para desenvolver câncer de mama, ou seja, aquela mulher que, por exemplo, fez uma biopsia e tem uma alteração pré-maligna, uma lesão que poderá evoluir para um câncer de mama. Essa paciente também pode ser submetida à mastectomia profilática, preventiva que é a retirada do tecido mamário e colocação de prótese. São as duas indicações absolutas para esse tipo de retirada das mamas preventivamente”, destaca o médico.

Pesquisa

Conforme Basegio, na pesquisa genética são avaliados o BRCA1 e BRCA2, que vêm da abreviatura de Breast Cancer (câncer de mama, em inglês) nos cromossomas 17 e 21 da paciente. “Se eles estiverem alterados, significa que ela tem um risco de 86% de desenvolver câncer de mama e então obviamente ela pode fazer a retirada da mama, se ela quiser”, argumenta.

A pesquisa genética nos cromossomas é indicada naquelas pacientes que tiveram dois ou mais familiares de primeiro grau que tiveram câncer de mama antes dos 50 anos de idade. Consideram-se parentes de primeiro grau mãe, irmã ou filha. “Se tiver dois ou mais, por exemplo, a mãe teve câncer de mama aos 40 anos e a irmã teve um câncer de mama aos 30 anos de idade, essa paciente tem a indicação de fazer a retirada preventiva”, avalia.

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