Amamentação e fonoaudiologia: tudo a ver?

Medicina & Saúde - coluna da fonoaudióloga Stéfanie Rozin.

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Muito tem se falado sobre os benefícios imunológicos, nutricionais e emocionais que o aleitamento materno proporciona para a criança, além de reforçar o vínculo com a mãe. O que pouca gente sabe é que o ato de amamentar é importantíssimo para o adequado crescimento e desenvolvimento das estruturas orofaciais.

Ao sugar o seio materno, o bebê posiciona a língua de modo correto dentro da boca, ordenhando o bico do seio. Assim, as bochechas, a língua e as arcadas ainda sem dentinhos, fazem um movimento harmonioso favorecendo o equilíbrio no desenvolvimento neuromuscular dessas estruturas. Essa correta extração do leite exige força muscular e acaba por aumentar o tônus da musculatura oral, o que é primordial para estimular as diferentes funções que ocorrem pela boca: a fala, a mastigação dos alimentos, a deglutição e a respiração. Ou seja, quando há alteração óssea e muscular das diferentes estruturas da boca, as funções acima citadas podem alterar-se e trazer diversos problemas para a criança. O profissional que trata alterações de fala, mastigação, deglutição e respiração é o fonoaudiólogo.

Quando o aleitamento materno é substituído por chupetas e mamadeiras, o bebê não é devidamente estimulado nas suas estruturas orais e pode se desinteressar pela sucção do leite materno. A partir disso, a musculatura intra e extra oral podem tornar-se flácidas e a criança passa a ter uma mastigação ineficiente, alteração na deglutição dos alimentos, além de ocorrer uma deformação na arcada dentária e palato (céu da boca), resultando em uma mordida aberta na frente ou na lateral dos dentes. Provavelmente, essa criança será uma forte candidata ao uso de aparelhos ortodônticos para corrigir essas alterações no crescimento ósseo-dentário.

A recomendação é o aleitamento materno, pelo menos, até o seis meses de idade, evitando assim futuros distúrbios de fala, respiração pela boca e problemas para mastigar e engolir alimentos. Sabe-se que crianças amamentadas no seio têm menores chances de adquirir hábitos orais nocivos como chupar dedo, usar chupetas e até roer unhas.

A criança que não mama no peito tende a chupar o dedo para exercitar a musculatura. Também o uso da chupeta surge como uma necessidade de sucção e, se utilizada por tempo prolongado pode acarretar prejuízos dentários, além de tornar flácidos os músculos da face e língua, prejudicando a adequada emissão dos sons da fala e favorecendo o descontrole da saliva.

A necessidade fisiológica de sucção e de trazer diferentes objetos até a boca vai, no máximo, até os dois anos de idade. Assim, não se justifica o uso prolongado de chupetas e mamadeiras. Nesta idade recomenda-se o uso de um copinho para o consumo do leite e outros líquidos. Portanto, algumas dicas:

- é primordial amamentar o bebê pelo menos até os seis meses;

- caso necessite usar mamadeira, use o bico ortodôntico;

- de forma alguma o bico da mamadeira deve ser aumentado;

- deixe seu bebê em posição mais vertical durante a amamentação para evitar problemas no ouvido como as otites;

- proporcione alimentação mais sólida quando os primeiros dentes do bebê aparecerem; - caso necessite o uso de chupetas, tente retirá-la no máximo, até os dois anos, pois criança com a boca ocupada, não fala.

O aleitamento materno hoje é considerado questão de saúde pública e as suas vantagens são reconhecidas em todo o mundo. É importante para os pais conhecer essas vantagens, além de entender o benefício da amamentação para o adequado crescimento e desenvolvimento ósseo-muscular do bebê, pois além de ser um ato de amor, a amamentação favorece a saúde bucal e de todas as funções que ocorrem na boca das nossas futuras crianças.

 

Stéfanie Rozin, fonoaudióloga

 

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