Por Cristina Pilla Della Méa e Diego Rafael Schmidt
A psicose é compreendida como um quadro em que se há perda do contato com a realidade, ou seja, o sujeitonão consegue distinguir entre experiências reais e imaginárias, de modo que pensa e sente suas vivências de forma diferente dos demais. Algumas pessoas podem apresentar esse quadro uma única vez, ao passo que outras experimentam diversos episódios no decorrer de sua vida.
O transtorno psicótico mais grave é a esquizofrenia. Trata-se de uma doença cerebral caracterizada pela perda parcial ou total do contato do sujeito com a realidade (psicose). Normalmente, a esquizofrenia se manifesta através de delírios (crenças falsas que não se desfazem apesar das tentativas em apresentar a realidade ao portador da doença, por exemplo: o paciente passa a acreditar que o comportamento das outras pessoas está se referindo a ele próprio ou está sendo perseguido), alucinações (percepções que não existem, tais como vozes dentro da cabeça que comandam, comentam e dão ordens ao paciente), alterações afetivas (o paciente apresenta comportamentos inadequados aos estímulos recebidos, como rir ao receber uma notícia muito triste ou chorar ao saber que fará uma viagem agradável de férias) e alterações cognitivas (problemas em se expressar com a linguagem falada e escrita, esquecimentos e empobrecimento para a comunicação). Essa sintomatologia pode afetar seriamente a vida de um indivíduo.
Devido à grande quantidade de ideias e sensações que vão surgindo, os pacientes com esquizofrenia se deparam com dificuldades para raciocinar claramente ou focar em seus pensamentos. Os seus sentimentos também podem ficar confusos ou incoerentes, de modo que se torna difícil explicá-los aos outros. Essas pessoas às vezes acabam falando sozinhos, perdem o prazer pelas atividades diárias, isolam-se e também tratam com descaso a questão da higiene pessoal. Esse conjunto de sintomas resulta ainda em significativa dificuldade de convívio e interação social.
Geralmente, os sintomas da esquizofrenia aparecem no final da adolescência ou início da vida adulta. Essa doença acomete 1% da população e o subtipo mais comum é a Esquizofrenia Paranóide. Quanto mais precoce for a identificação dos sintomas e houver a clareza do diagnóstico, maiores são as possibilidades de uma intervenção terapêutica adequada. Cabe ressaltar que se sabe que a comunidade em geral também tem dificuldades em entender esse sofrimento, rotulando, muitas vezes, esses sujeitos como “malucos” ou “loucos”. Afinal de contas, ver coisas e ouvir vozes, ter uma fala desconexa, estar confuso e desconfiado pode despertar sentimentos de apreensão em quem não compreende a doença.
Com relação à etiologia do transtorno, pesquisas pontuam que causas genéticas e perturbações neuroquímicas estão frequentemente associadas ao quadro. Ocorrem graves alteraçõesna concentração das substâncias existentes no cérebro, de modo que a medicação tem o importante papel de organizar esse processo. Em função disso, o uso de psicofármacos é necessário e bastante eficazpara otrabalho com tais pacientes. Portanto, consultas regulares ao psiquiatra, uso correto da medicação, orientação familiar, terapia ocupacional e a realização de acompanhamento psicológico constituem as principais ações necessárias para efetividade do tratamento.
Cristina Pilla Della Méa é psicóloga clínica e professora da Escola de Psicologia e do curso de pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental da Imed
Diego Rafael Schmidt é acadêmico do 9º nível da Escola de Psicologia da Imed
Na próxima semana, confira a segunda parte do texto