Amor pra dar certo

Teses criada no Facebook questiona, de maneira simples e direta, como o amor pode dar certo.

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Do que o amor precisa para dar certo? Carinho, compreensão, respeito e... um celular com a mesma operadora! Pelo menos é assim para a publicitária Miriê Tedesco. Observando nas ruas, Miriê deu atenção à relação entre as pessoas e seus celulares e percebeu como o celular é básico em um relacionamento: “Eu, por natureza, sou muito observadora. Gosto de observar pessoas, de prestar atenção em palavras. Comecei a perceber como é incrível o número de pessoas falando no celular. Aí imaginei: hoje, pra você ter qualquer relação, o celular é básico. Então, veio a brincadeira de pensar que o amor pra dar certo, precisa, no mínimo, de um celular com a mesma operadora”, conta. A observação virou um post no Facebook. A repercussão foi imediata e, a partir daí, surgiu a tese “Amor pra dar certo”. “Postei por brincadeira, como apenas mais um post, só que as pessoas começaram a curtir e responder e eu comecei a pensar no assunto: o que a gente precisa, hoje, para o amor dar certo? Quando me dava vontade e quando tinha tempo, ia colocando posts sobre assuntos diversos, que envolvessem essa questão e a coisa foi ganhando corpo, ganhando força”, explica a publicitária.

Miriê confessa que ficou um pouco assustada com a repercussão. Mas, o que realmente chamou a atenção da publicitária foi para o fato de ter percebido como pouca preparação para relacionamentos. “Pesquisadores, psicólogos, sociólogos escrevem sobre o assunto, mas não existe uma formação para você se sentir apto a um relacionamento”, destaca.  Para ela, estamos vivendo cada vez mais relações que se dissolvem facilmente. “Quando uma empresa não está indo bem, você vai procurar descobrir quais as razões porque ela não está indo bem, vai procurar sanar esses problemas, quando se trata da outra pessoa que está contigo, parece que a coisa tem que acontecer como se fosse mágica, se tiver que fazer esforço, então não vale a pena”, comenta. E, para ela, foi pela simplicidade com que tratou o tema que a tese ganhou tanta repercussão. “Em minha opinião, o fato de ter tratado dessas coisas do dia a dia foi que acabou tornando o assunto interessante”. Tanta repercussão que já foi questionada sobre escrever um livro, mas ela é categórica quando diz que nem pensa no assunto.

O amor continua o mesmo

Quando fala sobre o amor Miriê garante: “O amor é sempre o mesmo”.  Segundo ela, da primeira história de amor até hoje, a essência do amor não mudou. O que mudou, talvez, seja o fato de estarmos mais egoístas e muito menos dispostos a fazer qualquer esforço. E tem até estudos sobre isso. A teoria do Amor Líquido do sociólogo Zygmunt Bauman diz exatamente isso: as pessoas estão querendo laços muito frouxos, que com o menor esforço que o relacionamento exija você desata o nó sem muito estresse.  “O que eu senti é que estamos precisando falar sobre essas coisas, sem querer impressionar ninguém, dizendo aquilo que é o desejo simples, natural de alguém, que é se apaixonar”, conta Miriê.

 

 

 

Dá certo?

Do que, então, o amor precisa para dar certo? Para a publicitária o primeiro ponto é que ele não pode ser a sua única razão de ser feliz ou de existir. Segundo ela, o amor é uma parte da sua vida que deve estar bem em vários aspectos - trabalho, amigos, espaço pessoal, saúde. “Se você coloca sua vida e sua felicidade na mão de outra pessoa não dá certo. Primeiro porque você tira a sua responsabilidade de se fazer feliz, segundo, porque você se torna um peso, porque alguém vai ter que lhe fazer feliz”, garante. Outra coisa importante para Miriê é o encantamento. Para amar, é preciso admirar. “Se você encontrou alguém que tem algu ma coisa admirável, é porque você foi capaz também de encantar aquela pessoa”. É preciso, também, ter cuidado com algumas coisas no relacionamento, Entre elas, a intimidade. Para Miriê existem coisas que, aos poucos, vão matando a relação. “Eu duvido que o príncipe encantado iria gostar de ver a Cinderela tirando a sobrancelha. Essas coisas vão tirando o glamour, o brilho da relação”, brinca.

De resto, a publicitária garante que o amor dá certo com coisas muito simples como aprender a conviver, aprender a respeitar os direitos e a ter gentileza. “O amor é uma coisa bonita, gostosa, que dá saúde, faz bem para o corpo e para a alma. Tanto é que o dia dos namorados continua a ser uma data forte. A mesma medida em que temos gente dizendo que não quer se apegar, temos os restaurantes lotados com pessoas comemorando, as lojas com pessoas querendo trocar presentes. É sinal de que o amor é sim, um desejo. Só precisa é ser tratado como realmente merece: com cuidado, clareza e elegância”, conclui. 

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