Acordamos?

Por Juliana Scchneider

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Há mais de uma semana assistimos vibrantes, não a jogos de futebol, mas sim a um país que resolveu acordar. Aquele povo pacífico e conformado parece que se cansou. E, as mais diferentes pessoas das mais distintas tribos se juntaram em manifestações lindas, que nos encheram de orgulho e encorajaram pessoas descrentes a lutar pelos seus diretos de cidadão.

Tá, mas o que a moda tem a ver com isso? Em uma das últimas edições do São Paulo Fashion Week, estilistas tentaram, timidamente, uma mobilização para chamar a atenção de nossa presidenta mostrando que do jeito que as coisas andam, sobreviver no mercado da moda, está se tornando inviável para pequenas grandes marcas nacionais. Como já disse por aqui há algum tempo atrás, alguns criadores e suas criaturas, estão “agonizando” para resistir a um governo que incentiva grandes empresários e fecha os olhos para os pequenos, fazendo com que quem não se venda ao sistema, seja de certa forma, engolido por ele. Vimos isso acontecer com grandes nomes como Marcelo Sommer, Fábia Bersek, e, exatamente nesta semana a Neon anunciou o fechamento de seu atelier para se voltar para o branding, que é apenas o licenciamento de produtos com o nome da marca. Segundo Dudu Bertholinni, estilista da Neon e super reconhecido e admirado por seu trabalho, marcas pequenas e de identidade têm tido dificuldade em sobreviver com poucos incentivos, muitos impostos e um produto feito 100% no Brasil — o que deveria ser uma vantagem, mas que na verdade dificulta bastante, porque os produtos ficam com preços muito altos para o consumidor . Mais uma marca engolida pelas políticas abusivas do Brasil.

Nesta semana, também, Paulo Borges e Paulo Martinez, idealizador e stylist respectivamente da revista Mag, que por sinal é a melhor do meio da moda, postaram em meio a todas essas manifestações, em suas páginas pessoais do facebook, a capa da próxima publicação: Um casal de homens. A chamada da capa diz “Amor e outras artes” e logo abaixo um hashtag #felicianonaonosrepresenta. Uma revista nacional, repudiando e tomando sim partido de uma causa, e sem medo de retaliações. Uma revista de moda, que tem muitos leitores gays e que é produzida por homossexuais, que cá entre nós, enchem nossa vida de coisas lindas. E nós aqui, vendo países desenvolvidos, cada vez mais a favor das causas gays, e nossos governantes querendo a “cura gay”. É difícil mesmo de acreditar.

E o que a moda tem a ver com isso? Tudo. A moda é um mercado. O mercado da moda nacional é feito por brasileiros. Pessoas cansadas de abusos e muita discriminação, que com certeza estão pelas ruas e redes sociais fazendo a sua parte por um “cantinho” melhor nesse planeta. Acho que enfim, começamos a despertar. 

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