No próximo dia 8 de julho é comemorado o Dia Mundial da Alergia, criado com o intuito de alertar sobre as doenças alérgicas que atingem de 30 a 40% da população mundial. A alergia nada mais é do que uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno (substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis e previamente sensibilizados. Existem diversos tipos de alergias, como a rinite alérgica, a conjuntivite alérgica, a dermatite atópica e a urticária. Dentre estas, a rinite alérgica pode ser considerada um problema de saúde pública mundial, pois, de acordo com a iniciativa Allergic Rhinitis and Its Impact on Asthma (ARIA) ela atinge cerca de 20% das pessoas em todo o globo. Ainda, segundo a World Health Organization (WHO), anualmente 400 milhões de indivíduos desenvolvem a rinite.
A rinite alérgica é um processo inflamatório da mucosa nasal decorrente de uma reação exagerada a um ou mais alérgenos, que são interpretados pelo sistema imunológico como substâncias agressoras. O organismo então reage causando os sintomas da rinite: crises de espirros, coriza, obstrução nasal (nariz entupido), dor de cabeça, lacrimejamento, coceira no nariz, nos olhos, na garganta e no céu da boca.
Para evitar os ataques alérgicos muitos cuidados com o ambiente são necessários, pois, os fatores desencadeantes da rinite mais comuns são os ácaros da poeira; pelos, saliva, urina e fezes de animais domésticos; fungos e polens. Na casa dos pacientes, a limpeza deve ser constante, utilizando panos úmidos, pois vassouras e espanadores só espalham a poeira. Também não se deve usar tapetes, cortinas e carpetes e utilizar aspirador que tenha filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance), que reduz os alérgenos transportados pelo ar, evitando que ácaros e outras partículas sejam liberados novamente no ambiente.
Mesmo com todos esses cuidados dentro de casa, ao sair, o alérgico ainda está exposto aos cheiros de perfumes, cigarro, produtos de limpeza, tintas, inseticidas, fumaça, poluição, entre outros, que também são irritantes das vias aéreas e agravam a inflamação e os sintomas da rinite. Ou seja, conviver com a rinite é difícil. Segundo a ARIA, mais de 49% dos latino-americanos com rinite alérgica têm sua qualidade de vida prejudicada devido à obstrução nasal. Tal complicação interfere em diferentes intensidades no trabalho e nos estudos, e aproximadamente 52% dos pacientes relatam queda de desempenho na empresa e na escola.
Para garantir a qualidade de vida do alérgico, o tratamento é dividido em controle do ambiente e controle medicamentoso, para conter os sintomas e a inflamação da mucosa nasal, e gerar alívio. Nesses casos, os medicamentos utilizados com mais frequência são os anti-histamínicos e os corticosteróides intranasais, entre outros. Alguns anti-histamínicos como, por exemplo, a loratadina, proporcionam alívio dos sintomas alérgicos por 24 horas e não causam sonolência.
A rinite alérgica é uma doença sem cura, que se dá em crises que retornam frequentemente devido à presença dos alérgenos nos ambientes e por isso muito desistem do tratamento, duvidando da eficácia dos medicamentos.
Ana Paula Moschioni Castro é diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) e médica da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (USP)