Autismo - Parte 2

Medicina & Saúde - coluna no neuropediatra José Renato Donadussi Pádua

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O diagnóstico dos Transtornos do Espectro Autista (TEA) é essencialmente clínico, cujo paciente acometido apresenta déficits qualitativos marcantes na interação social (estabelecimento do contato com o “outro”, constituindo este prejuízo no pilar central dos transtornos), na comunicação (verbal e não verbal), além de padrões restritivos e repetitivos de comportamento, de atividades e de interesses. O grau de intensidade dos sintomas nas três áreas citadas é variável e pode gerar diferentes combinações de manifestações.

O início dos TEA é antes dos três anos de idade, começando muito precocemente desde a amamentação (bebês) ou, de outra forma, iniciando abruptamente no final do segundo ano de vida. O termo Autismo significa isolamento em si próprio, então o que se observa, comumente, é um “desligamento” da criança com relação ao mundo ao seu redor, colocando em dúvida os pais quanto a capacidade auditiva dos seus filhos. Associado a isto há um mau desenvolvimento da linguagem (o atraso na aquisição da linguagem, especialmente a fala, é o que muitas vezes faz com que os pais levem os filhos à consulta), e alguns comportamentos “estranhos” como balançar-se para a frente e para trás repetidas vezes.

Devemos estar atentos aos seguintes sinais/sintomas (podem ser indicativos de comportamento Autista): isolamento social ou comportamento social inapropriado, contato visual pobre (olhar “olho-no-olho”), dificuldades de participar em atividades de grupos; pouca afetividade (indiferença) ou manifestações inapropriadas de afeto, falta de empatia social ou emocional. Dificuldades de compartilhar informações com os outros, seja de forma verbal ou não verbal, linguagem imatura, entonações monótonas, fala ininteligível, repetições de palavras (ecolalias). Insistência em determinadas rotinas, com resistência a mudá-las, o apego excessivo a objetos, o fascínio a movimentos de peças (rodas, hélices), brincar inapropriadamente com brinquedos (apenas preocupando-se em alinhá-los, manipulá-los, ao invés de usá-los de forma simbólica). Bater palmas repetidas vezes, andar em círculos, balançar as mãos (“bater asas”), repetir muitas vezes frases e canções.

Uma das bibliografias estudadas (de 2012) cita: “dos 1,5 milhões de autistas presumidos no Brasil, mais de 95% ainda não receberam diagnóstico e menos de 5% recebem assistência adequada”.

Os TEA acompanham o indivíduos acometidos ao longo de toda a sua vida, e os mesmos necessitam de atendimento multiprofissional: médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, professores especializados, psicopedagogos, assistentes sociais. Os medicamentos, quando indicados, são apenas sintomáticos e visam controlar comportamentos ditos disruptivos: irritabilidade, impulsividade, agitação, auto ou heteroagressividade, destrutividade. Além do mais pacientes autistas podem ter condições associadas, como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), epilepsia, transtornos do sono, que podem exigir intervenção e/ou medicamentos.

É importante também ressaltar a importância de entidades associativas que envolvem pais e cuidadores de autistas, que se unem e buscam soluções para os problemas de seus filhos, bem como escolas especializadas no atendimento de autistas, ambos exemplos existentes na nossa cidade.

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