Morte: um assunto proibido para crianças? Parte 1

Medicina & Saúde - artigo de Amanda Reginato de Mello e Denice Bortolin Baseggio.

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Por Amanda Reginato de Mello e Denice Bortolin Baseggio

 

O tema da morte está presente em todos os lugares. Diariamente, as pessoas são expostas a cenas de violência na televisão, doenças que ameaçam a vida e guerras. Contudo, as pessoas, de uma maneira geral, evitam falar de morte, principalmente com as crianças, que são consideradas “indefesas”. Muitas vezes, os adultos evitam tocar no assunto morte, por se tratar de um tema que evoca seus “medos”, inclusive seu próprio medo da morte.(KOVÁCS, 1992).

É importante destacar que ao falarmos de morte e separação, precisamos abordar o tema dos vínculos afetivos, deste modo, o primeiro grande vínculo afetivo da criança acontece com a mãe. Para Ferreira et al. (2011), este vínculo inicia-se na gestação e depois é fortalecido na amamentação e nos cuidados da mãe com seu bebê.É a partir do vínculo com esta figura importante, carinhosa, provedora e estimuladora, que a criança irá, gradualmente, diferenciando o seu ego, possibilitando o desenvolvimento de um sentimento de identidade pessoal (RAPPAPORT et al., 1982). Deste modo, conforme a criança lida com as primeiras separações na infância serão modo como o indivíduo lidará com as perdas posteriores de sua vida.

No decorrer do seu desenvolvimento, a criança começa a passar por perdas mais concretas, como situações de mudanças de série, troca de professores e cuidadores, mudança de escola, de cidade e processos de separação. Paiva (2011) observa que estas perdas são chamadas de mortes simbólicas e, mesmo que estas situações não sejam consideradas mortes reais, abalam o psiquismo da criança. E é a partir da elaboração destas chamadas mortes simbólicas que, posteriormente, serão elaboradas as mortes reais.

Neste sentido, a compreensão da morte é um processo lento na vida de uma criança que percebe desde o seu nascimento perdas importantes. Sabe-se que não apenas a idade cronológica determinará o nível de entendimento da criança a respeito da morte, de acordo com Torres (1999) e Paiva (2011), outros fatores contribuirão para isso, como o desenvolvimento cognitivo e situações socioexperienciais de confronto com a morte. As autoras ainda afirmam que existem três componentes básicos para a aquisição do conceito de morte, sendo eles: irreversibilidade, entendimento de que o corpo físico não pode viver depois da morte; não-funcionalidade, compreensão de que todas as funções constituintes da vida cessam com a morte; e universalidade, compreensão de que tudo que é vivo (animais, plantas e seres humanos) um dia morre.

 

Amanda Reginato de Mello é egressa da Escola de Psicologia da Imed

Denice Bortolin Baseggio é é professora da Escola de Psicologia da Imed

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