Morte: um assunto proibido para crianças? - Parte 2

Medicina & Saúde - segunda parte do artigo de Amanda Reginato de Mello e Denice Bortolin Baseggio

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Deste modo, percebe-se que há vários elementos que influenciam a compreensão da morte pela criança, tais como a idade cronológica, a constituição psíquica, os aspectos da vida pessoal, como as experiências de perdas, fatores que influenciarão no luto posterior.

Cabe ressaltar que cada pessoa tem um modo particular de enfrentar o luto, algumas tentam “fugir” dos sentimentos e outras preferem refletir sobre o assunto. Os adultos, mesmo compreendendo a morte como algo natural do ciclo da vida, possuindo um mundo cheio de tarefas e vínculos, sofrem diante da perda de uma pessoa querida. Então,pode-se imaginar as dificuldades da criança, que ainda não consegue compreender totalmente o conceito de morte e tem seu mundo limitado aos pais e,quando muito, à escola (LOUZETTE E GATTI, 2007).

Alguns autores afirmam que o luto é um processo de reconstrução e de reorganização diante da morte,é um desafio emocional e cognitivo com o qual a criança tem que lidar. Entende Aberastury (1984) que a criança tem uma aguda capacidade de observação, não apenas para o mundo físico, como também para o psicológico. Muitas vezes, os adultos mentem, acreditandoque estão protegendo-a e que, se negarem o fato, a dor vai sumir magicamente. Diante disso, Kovács (1992) destaca que, quando o adulto evita falar sobre o tema da morte com a criança, sua reação pode ser a manifestação de sintomas. Ao não falar o que ocorre, a criança se sente confusa e desamparada, sem ter com quem conversar.

Portanto, a melhor forma de falar sobre o tema morte com as crianças na família é através de uma comunicação aberta, discutindo ideias de maneira sincera, estando disposto a responder questionamentos e, principalmente, não evitando este tema. E na escola deve-se abrir espaço para a discussão deste tema com o auxílio de uma equipe como psicólogo, médico e pedagogo (através do lúdico), propiciando aos alunos um espaço de discussão e compreensão do tema da morte, por meio de palestras, discussões de filmes e livros, entre outros meios.

 

Amanda Reginato de Mello é egressa da Escola de Psicologia da Imed

Denice Bortolin Baseggio é professora da Escola de Psicologia da Imed

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