KPC: quem pode ser atingido?

Medicina & Saúde - artigo de Cinthia Götz e Daiane Fuentefria.

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A Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) é uma enzima produzida por diversas bactérias e é hoje uma das mais importantes causas de infecções em ambiente hospitalar.

Essas enzimas são produzidas por diversas enterobactérias – bactérias normalmente presentes no trato gastrointestinal - antes comuns, mas que passaram a produzir a enzima KPC, a qual consegue inativar antibióticos como penicilinas, cefalosporinas e carbapenêmicos, conferindo assim resistência a uma grande diversidade de antimicrobianos.

A disseminação de enterobactérias produtoras de KPC é um grave problema de saúde pública em diversas instituições de saúde brasileiras devido à alta taxa de morbimortalidade relacionada às infecções, pela dificuldade de tratamento antimicrobiano (restam poucos antibióticos).

A forma de transmissão é por contato, principalmente pelas mãos, com secreção ou excreção de pacientes infectados ou colonizados. Para combater essa transmissão, a principal medida preventiva é a lavagem cuidadosa das mãos de profissionais da saúde, visitantes e acompanhantes, assim como dispor dos insumos necessários para isso e utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) como aventais e luvas, sempre que houver contato com paciente e suas secreções.

É importante salientar que é uma bactéria oportunista, que afeta indivíduos com quadro de saúde complicado ou debilitado por alguma doença. O alvo principal são indivíduos internados em Unidades de Terapia Intensiva, submetidos a procedimentos invasivos. Indivíduos saudáveis não correm risco significativo.

Para o controle do desenvolvimento dessas “superbactérias” houve a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares, cujo objetivo é detectar a presença dessas bactérias em ambientes de saúde. A recomendação é sempre que for detectado um microrganismo multirresistente deverá ser informado a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) que adotará medidas de prevenção e controle e realizará também a notificação a Anvisa.

Devido à evolução de mecanismos de resistência bacteriana como a KPC, a Anvisa definiu novas regras para controlar a venda de antibióticos, visando reduzir a automedicação e o uso irracional dos mesmos. As farmácias e drogarias que já dispensam somente mediante a apresentação da receita de controle especial em duas vias fornecida pelo consumidor passarão a registrar as movimentações no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) via internet. Outra modificação recente é na embalagem e bula, que receberão a frase “Venda sob prescrição médica” – só pode ser vendido com retenção da receita, e o prazo de validade dos mesmos que passa a ser de 10 dias em função dos mecanismos de ação dos antimicrobianos.

 

Cinthia Götz é estagiária do Centro de Informações sobre Medicamentos e aluna do curso de Farmácia da Universidade de Passo Fundo

 

Daiane Fuentefria é professora de Bacteriologia Clínica do curso de Farmácia da Universidade de Passo Fundo

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