Terapia Fotodinâmica previne e trata o câncer de pele

Medicina e Saúde - Passo Fundo é a primeira cidade do Rio Grande do Sul a dispor e empregar a tecnologia como método preventivo e de tratamento do câncer de pele.

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O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou para 2012 mais de 130 mil novos casos de câncer de pele no Brasil. O estudo realizado prevê a mesma incidência em 2013. No Rio Grande do Sul, a estimativa é de 13.500 novos casos, sendo que em Passo Fundo, segundo o INCA, 141 pessoas terão o diagnóstico de câncer de pele neste ano. Preocupado com esta estatística, o cirurgião plástico Juarez Missel estabeleceu em 2012 uma parceria com o Instituto de Física de São Carlos da USP para realizar na capital do Planalto Médio a Terapia Fotodinâmica.

O método é o que há de mais moderno em terapia baseada na aplicação de luz para o tratamento e prevenção de câncer de pele não melanoma, do tipo Carcinoma Basocelular. A taxa de cura, segundo os pesquisadores da USP, é superior a 90%. “Diferente do tratamento convencional, no qual é empregado a ressecção cirúrgica, a Terapia Fotodinâmica possibilita o diagnóstico e tratamento com rapidez. O paciente é tratado e liberado em até quatro horas do mesmo dia da consulta e ainda, as cicatrizes são mínimas ou inexistentes”, salienta Missel.

Além da alta probabilidade de cura, a Terapia Fotodinâmica ou PDT, sigla do inglês Photodynamic Therapy, possibilita o tratamento de lesões que ainda não são visíveis, prevenindo que o paciente desenvolva lesões malignas. “Quando o paciente é diagnosticado com lesões malignas ou pré-malignas de pele, conhecida neste último caso como Queratose Actínica, ele precisa recorrer o mais rápido possível ao tratamento. Caso as lesões pré-malignas não sejam tratadas, a possibilidade delas evoluírem para um tumor de pele é alta. Pelo fato desta lesão ser multicêntrica, ou seja, existem múltiplas lesões de diferentes tamanhos, umas visíveis e outras não, o tratamento convencional não é eficaz como a Terapia Fotodinâmica. A PDT trata as lesões que ainda não são visíveis”, explica Missel.

 

Quem já usou

O diagnóstico do câncer de pele na região do rosto, em 2004, fez a aposentada vacariense, Geni Paim (67), passar por cinco procedimentos cirúrgicos. “Assim que fui diagnosticada, busquei rapidamente o tratamento, no caso a cirurgia. Foram cinco diagnósticos e cinco cirurgias. Além do desconforto e do medo de ter que passar pelo procedimento cirúrgico, a doença sempre retornava. Quando o sexto diagnóstico foi dado, a lesão estava muito próxima do olho e os médicos acharam melhor não fazer um procedimento no local. Eu fiquei muito preocupada, pois pensei: e agora, o que eu vou fazer?”, contou.

A solução Geni encontrou na terapia fotodinâmica. “Comecei a buscar informações de que recursos teria para resolver o meu problema, foi quando conheci o dr. Juarez. Ele me apresentou a Terapia Fotodinâmica e no mesmo dia fizemos a primeira sessão. Em 20 minutos o tratamento tinha sido feito, sem precisar internar e sem anestesia. Estou muito contente! Se eu tivesse conhecido o procedimento antes, não teria passado por todas as cirurgias que fiz”.

 

Como funciona

O cirurgião plástico explica que a Terapia Fotodinâmica faz uso de uma reação fotoquímica para o tratamento das diferentes leões de pele. “Após o diagnóstico patológico, que apresenta o resultado da lesão pré-maligna ou maligna, definimos a forma de Terapia Fotodinâmica que aplicaremos”, evidencia.

O tratamento ocorre com a aplicação de um fotossensibilizante, um creme, sobre a pele, associado a um determinado tipo de laser. “No caso da lesão ser pré-maligna é aplicado o fotossensibilizante à base de uma luz azul, que provem do aparelho em especifico utilizado para o tratamento. Somente as células tumorais, inclusive as não visíveis, são ativadas pelo fotossensibilizante quando expostas a um comprimento de onda específico de luz, que oxidam e são destruídas, preservando a pele sadia e prevenindo que mais tarde as células pré-malignas não visíveis tornem-se malignas”, ressalta.

Quando o diagnóstico da lesão de pele é maligno, o procedimento segue os mesmos passos, porém a luz aplicada sobre a pele com o fotossensibilizante será vermelha. “Para tratar as lesões malignas, utilizamos a interação do medicamento com a luz vermelha de alta potência, a qual provoca uma reação fotoquímica. As células cancerígenas morrem. O procedimento não dura mais do que quatro horas, sendo que a exposição dura apenas 20 minutos, não tem efeitos colaterais, auxilia no diagnóstico médico e o tratamento é visto em tempo real”, salienta.

Além de evitar procedimentos cirúrgicos para o tratamento do câncer de pele e de atuar como método preventivo, a Terapia Fotodinâmica oferece ótimos resultados no tratamento da Queratose Seborreica, uma frequente lesão benigna da pele e no tratamento da Acne.

Atualmente a Terapia Fotodinâmica é realizada com os mais modernos equipamentos disponíveis. Conforme o cirurgião plástico, a PDT é um procedimento particular, mas que devido a parceria com a USP, alguns pacientes poderão receber subsídio do Instituto de Física de São Carlos. “Com a parceria, os pacientes com tumores do tipo Basocelular, que precisam e querem realizar a Terapia Fotodinâmica, tem subsidiado o fotossensibilizante pelo Instituto de Física de São Carlos - USP”.

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