Fomos almoçar na casa da minha filha, quando fiz um comentário acerca da água mineral que estava sendo servida: “Esta água tem muito sal?”. Minha filha e meu genro olharam-se e sorriram. Perguntei o porquê do riso e minha filha respondeu: “Você sempre se preocupou com a qualidade da alimentação, mas fumava o dia todo”. Fiquei ali, parada e quase derrubei a água.
Dei razão a ela. Tivemos uma família grande o Domingos e eu. Primamos por nunca faltar nada de que eles precisassem para que fossem saudáveis. Conto até hoje que, porcarias tinham hora e dia. As lancheiras iam à escola com sucos, frutas e pão. Essa filha do sorrisinho era quem mais reclamava das maçãs que comia no recreio.
Meus filhos nunca demonstraram que me achassem incoerente, todavia, lembro que cada um a seu tempo, me pediu para não fumar mais. É claro que passei muitas horas da vida arquitetando estratégias que contemplassem o que os filhos esperavam de mim, mas, aproveitava cada revés, cada alegria, cada festa para adiar o projeto. Tudo era motivo para fumar. Eu pensava até que, devido a trabalheira que a família demandava, eu merecia parar de vez em quando para uma tragadinha.
Eu aguento as risadinhas dos meus queridos, porque, agora sei a dimensão da preocupação deles por mim. Agora vi a felicidade deles e a forma como acompanharam o processo de desintoxicação pelo qual passei. O carinho que veio dos filhos foi o fator mais forte de perseverança.
Será que um dia a imagem de mãe fumante se apagará da memória dos meus filhos? Acho que não! Mas isso não é o mais importante. O mais importante é, agora, dar um exemplo de tenacidade e mostrar que, apesar dos estragos, vale a pena cuidar de verdade da saúde.
Antes que me esqueça, comecei a caminhar, tá? Podem cobrar mais atividades físicas daqui pra frente.