Cirurgia plástica pós-bariátrica

Medicina & Saúde - O excesso de peso e a obesidade aumentaram nos últimos seis anos no Brasil, segundo a última pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011). De acordo com o estudo, a proporção de pessoas acima do peso no Brasil avançou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011

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No Rio Grande do Sul o número de obesos entre o público masculino subiu de 11,3% em 2006 para 17,4% em 2011. Entre as mulheres, os números passaram de 13,8% para 21,5%. Em seis anos, o percentual de homens com excesso de peso cresceu de 54,2% para 60,7%, em 2011 e entre as mulheres os números passaram de 42,4% para 50,7%.

A pesquisa, promovida pelo Ministério da Saúde em parceria com Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, retrata os hábitos da população brasileira e é uma importante fonte para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde preventiva. Foram entrevistados 54 mil adultos em todas as capitais e também no Distrito Federal, entre janeiro e dezembro de 2011.

Os altos percentuais podem ser explicados pelo estilo de vida comum à grande parcela da população que vive nas capitais do país, que alia estresse, falta de exercício físico e má alimentação.

A obesidade é um forte fator de risco para saúde e tem forte relação com altos níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-diabetes. Pessoas obesas também têm mais chance de sofrer com doenças cardiovasculares, principalmente isquêmicas (infarto, trombose, embolia e arteriosclerose), além de problemas ortopédicos, asma, apneia do sono, alguns tipos de câncer, esteatose hepática e distúrbios psicológicos

Um dos objetivos do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), lançado em 2011, é parar o crescimento da proporção de adultos brasileiros com excesso de peso ou com obesidade. Para enfrentar este desafio, que começa na mesa, o Ministério da Saúde tem investido em promoção de hábitos saudáveis e firmado parcerias com o setor privado e com outras pastas do governo.

O consumo excessivo de sal, por exemplo, é apontado como fator de risco para a hipertensão arterial. Para diminuir o consumo de sódio entre a população, o Ministério da Saúde firmou acordo voluntário com a indústria alimentícia que prevê a diminuição, gradual, do uso do sódio em 16 categorias de alimentos. 

As metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2014 e aprofundadas até 2016. O pão francês, as massas instantâneas e a maionese são alguns dos alimentos que vão sofrer redução de sal.

 

 

Entrevista

 

Medicina & Saúde – A obesidade pode ser considera uma questão de saúde pública?

Lucas Pereira Lima - A obesidade é um problema grave de saúde e a sua incidência aumenta a cada ano. Como consequencia disso, aumentam os casos de hipertensão arterial, diabetes, infarto do miocárdio, arterioesclerose, entre outros. Perder peso, portanto, não é apenas uma questão estética, significa conquistar qualidade de vida e elevar a auto-estima.

 

Medicina & Saúde – Em que casos a cirurgia bariátrica está indicada?

Lucas Pereira Lima - A cirurgia bariátrica (cirurgia para obesidade) trouxe grandes benefícios para esses pacientes, pois permite uma perda ponderal gradual, progressiva e permanente. No entanto, após grandes emagrecimentos, esses pacientes apresentam também grandes excessos cutâneos. Isso se deve pela distensão sofrida pela pele durante muito tempo, o que faz ela perder sua elasticidade e resiliência, de modo a não retrair adequadamente após a redução de peso. Dessa forma, a auto-estima ainda se encontra comprometida, levando a uma sensação de êxito parcial do tratamento.

 

Medicina & Saúde – Quando é necessária a intervenção por meio de cirurgia plástica?

Lucas Pereira Lima – Após a perda e estabilização do peso, a remodelação corporal através de cirurgias para ressecção do excedente de pele em abdomem, mamas, braços e coxas se faz necessário. Haja visto que as dobras de pele acabam causando dermatitis, dificuldade na higiene pessoal e dificuldade de encontrar um vestuário adequado. Isso leva a um afastamento do convivio social, diminuição da auto-estima e sérios riscos a depressão. Portanto, a cirurgia plástica pós-obesidade representa muito mais do que um simples procedimento estético, trata-se de uma cirurgia reparadora. Não há dúvidas de que todo esse trabalho, disciplina e esforços pessoais merecem um prêmio maior. Afinal a perda de peso não é o ultimo estágio nessa jornada: é apenas o começo de uma nova vida.

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