Diário de uma ex-fumante

Medicina & Saúde - coluna semanal de Sueli Gehlen Frosi

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Lembro-me de sempre ter cantado na minha vida. Quando pequena como aluna de colégio de freiras, cantávamos em sala de aula, na igreja, em eventos cívicos.

Quando adolescente cantei por um tempo em um coral quando soube que eu tinha uma voz boa, acho que era soprano, ou não tanto. Mas eu cantava “fininho”. Minha voz era clara e alcançava muito bem notas altas.

O sentimento de amor à pátria é algo forte em minha trajetória, coisa trabalhada e estimulada por parte da escola, tanto da católica, quanto da metodista, as quais frequentei. Cantávamos o Hino Nacional com emoção, com lágrimas nos olhos, coração batendo forte. Esse sentimento me acompanhou até aqui. Agreguei à minha emoção, o Hino do Rio Grande do Sul, cuja entoação é obrigatória em atos públicos.

O diferente nisso tudo, é que, com o passar dos anos, não cantei mais “fininho”, perdi a capacidade. Lembro de ter que mudar o tom para um mais baixo, tamanha era a dificuldade com as notas altas. Frequentemente, conforme o esforço, a garganta coçava e a tosse era inevitável.

No dia primeiro deste mês, participando de um ato cívico pela Semana do Município, supreendi-me cantando como antigamente. A voz saía clara e sem ameaças de coceira e tosse. Aí eu soube. É claro que recuperei a voz, ora! Parei de fumar e isso liberou minhas cordas vocais de tanta sujeira e cansaço. É claro que minha voz estava cansada.

Pois eu cantei bem alto, satisfeita por reconhecer a voz que é minha. Ela pode não ser linda, mas é minha e quero continuar ouvindo-a sem estragos desnecessários.

Uma coisa continua sem mudanças, que é meu espírito cívico, meu amor ao Brasil. Frequentemente minha voz fica embargada, mas é de emoção, o que é normal e perfeitamente saudável.

 

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