Por Leonardo Alovisi Martins
Preocupar-se, arrepender-se, frustrar-se e aborrecer-se, além de ser comum, é benéfico, pois, essas emoções nos informam que algo não está indo bem, leva-nos a refletir sobre nossos comportamentos e intenções, além de nos motivarem a modificar o que está nos incomodando. Por outro lado, outras emoções negativas como pânico, depressão, culpa, vergonha e raiva intensa são extremamente prejudiciais, seja por nos paralisarem ou por agravar o problema.
Por isso, é importante diferenciarmos as emoções adaptativas das desadaptativas, citarei três exemplos nesse sentido:
- Desapontamento versus vergonha: sentimento de frustração ou desapontamento consigo mesmo são reações normais consequentes da percepção do comportamento inadequado em público, mas ainda a pessoa se aceita como ser falível como todos os demais. Em outras palavras, a pessoa se sente desapontada com seu comportamento, mas não consigo mesma porque ela prefere, mas não se exige, a agir bem. Contrastando com a vergonha que é uma das emoções mais desadaptativas que existe, pois ela inibe o comportamento, desse modo, impedindo o aprendizado e satisfação pessoal. A vergonha ocorre quando a pessoa reconhece o comportamento inadequado em público e passa a se condenar por isso, como se ela não pudesse ter agido de maneira alguma de tal forma. Pessoas que experimentam vergonha e embaraçamento tendem a predizer que as pessoas vão pensar mal dela e que isso é inaceitável, reforçando a necessidade de aprovação dos outros, o que gera mais insegurança e ansiedade.
- Preocupação versus ansiedade intensa: a preocupação é uma emoção adaptativa ela nos ajuda a tomar medidas para evitar que um evento não desejado ocorra, sem experimentar ansiedade demasiada no processo, geralmente está associada com crença “Eu espero que isso não ocorra, se ocorrer será triste”. Já a ansiedade intensa é prejudicial, pois ela geralmente nos paralisa e não contribui em nada na mudança do desfecho das nossas previsões negativas, ela geralmente está associada à crença “Isso não deve acontecer de modo algum, se acontecer será terrível”.
- Tristeza versus depressão: tristeza é uma emoção natural que ocorre quando acontece algo indesejado pela gente, principalmente, perdas. Geralmente é resultado da crença racionais do tipo “É muita infelicidade eu não ter perdido dinheiro na bolsa, mas isso pode acontecer com qualquer um”. Já a depressão é uma emoção paralisante em que a pessoa se sente responsável pela perda e se rotula por ela ter ocorrido “Eu deveria ter prevido que o mercado de ações cairia, logo sou burro”.
Leonardo Alovisi Martins é médico psiquiatra
