Olhar para o chão da nossa cidade é coisa desagradável. O que é grande, vemos com facilidade, mas o pequeno, às vezes, é mais desagradável de ver. Refiro-me ao chiclete grudado nas calçadas. Que coisa mais horrível! Eu odeio isso há muito tempo. Assim como você já tentei desgrudar essa coisa dos sapatos mais de uma vez.
Convido-o (a) a olhar para baixo. Esquece das péssimas calçadas, mas olhe as manchas de chiclete que encontramos em profusão. Feio, não é?
Em Singapura largar chiclete na rua é motivo para levar chibatadas e cobrança de multa, sem falar que a venda dele só é permitida em farmácias, contra a assinatura de um termo de compromisso de descartá-lo de forma adequada. Isso é civilização! (Esquece que é autoritário, por que quem impõe sua sujeira aos outros, também é autoritário).O dinheiro arrecadado para limpeza da cidade, ao invés de pagar quem limpe chicle grudado na rua, é usado para plantar flores e enfeitar a cidade.
Tenho, portanto, aversão por chiclete grudado no chão, mesmo que adore mascar essa coisa gosmenta que não sei de onde sai. Os sabores artificiais são muito gostosos, ou não mereceriam tanta pesquisa e propaganda. Viramos reféns desses sabores e é tarefa heroica nos desvencilharmos deles.
Quando fico indignada, costumo pensar, que todos contribuímos de alguma forma, para que a situação que me deixa furiosa seja construída. No caso da sujeira da cidade, ocorreu-me que nunca joguei chiclete em qualquer lugar, nem permiti que meus filhos jogassem, mas, devo fazer um enfático mea culpa, por que joguei algo bem mais nojento por aí. Já desrespeitei toda a comunidade.
Joguei bitucas de cigarro durante anos por todos os lugares, pelo que peço desculpas. Se eu vivesse no Rio de Janeiro hoje e ainda fumasse, pagaria mais de cem reais por cada bituca de cigarro abandonada. Putz! Como já fui inconsequente!
Conheci uma escola onde o pátio é um mosaico de chicletes de várias cores, a maioria preta de sujeira. Enxerguei a escola como terra de ninguém, onde cada um faz o que quer, sem que haja o mínimo de urbanidade. Aliás, quando estudei no Notre Dame, urbanidade era motivo de nota no boletim. A categoria mostrava como nos comportávamos em ambiente coletivo.
Que tal se alguém nos desse uma nota pelo nosso comportamento coletivo? E se a avaliação fosse feita quando ninguém estivesse olhando? Já estou batendo no peito...