De acordo com dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica da SES, em 2012, o RS teve 132 surtos notificados e 1.150 pessoas doentes em função da ingestão de comidas ou bebidas infectadas por agentes biológicos ou químicos. Para alertar a população e tentar diminuir esses números, a Secretaria Estadual da Saúde (SES), através do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), produziu uma cartilha e um folder sobre os cuidados na alimentação.
Elaborado no formato de cardápio - e batizado de "Cardápio Seguro" -, o material traz recomendações sobre os principais pratos consumidos: saladas, prato feito e sobremesas; além de apresentar alguns cuidados que devem ser tomados para evitar o aparecimento e proliferação de germes (bactérias) - que podem causar toxi-infecção alimentar - a explicação de doenças transmitidas, sua classificação e respectivos sintomas. Com tiragem de 100 mil exemplares, o "Cardápio Seguro" foi desenvolvido devido à preocupação com o grande número de surtos e doenças transmitidas por alimentos.
Conforme a coordenadora do Programa de Vigilância das Doenças Transmitidas por Alimentos, Denise Figueiredo, o maior número de ocorrências se dá na primavera e no verão, que são os meses com as temperaturas mais altas do ano. "A maioria dos casos de intoxicação alimentar, cerca de 60%, se dá em residências. Ou seja, o mesmo cuidado que as pessoas têm ao se alimentar fora de casa, também devem ter ao fazê-lo na sua própria casa", ressalta Denise. Sintomas como náuseas, vômitos e/ou diarreia, acompanhada ou não de febre, devem ser observados.
No grupo de alimentos que apresentam maior incidência de problemas e são mais suscetíveis à contaminação, estão a maionese e produtos à base de ovos, que correspondem a cerca de 571 surtos contabilizados desde o ano 2000. Já entre os agentes químicos e biológicos, a Salmonella e os agrotóxicos são os principais responsáveis pelo grande número de casos.
Intoxicações alimentares são comuns. Porém, a grande maioria não é notificada por desconhecimento dos sinais e sintomas dessas doenças, e de que há órgãos públicos responsáveis pelas investigações desses surtos. Com relação à diarreia, por exemplo, o tratamento básico é a hidratação, preferencialmente com soro caseiro e alimentação leve. Recomenda-se a consulta ao médico, pois a desidratação que se instala pode levar a desmaios, tonturas e choque hipovolêmico - o que pode até levar à morte.
Doenças
As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são síndromes originadas pela ingestão de alimentos e/ou água, que contenham agentes etiológicos em quantidades que afetem a saúde do consumidor a nível individual ou a grupo de pessoas (festas, eventos, escolas, etc) e podem ser causadas por bactérias, vírus, toxinas, parasitas e substâncias tóxicas. Já o surto é o episódio no qual duas ou mais pessoas apresentam uma doença semelhante depois da ingestão de alimentos, inclusive água de mesma origem, onde a análise de laboratório implica estes agentes como responsáveis pela mesma.
As DTA classificam-se em infecções (quando causadas pela ingestão de micro-organismos patogênicos, denominados invasivos, com a capacidade de invadir tecidos), toxi-infecções (causadas por micro-organismos toxigênicos) e intoxicações (causadas pela ingestão de toxinas pré-formadas no alimento devido à multiplicação dos micro-organismos patogênicos).
Em caso de dúvidas, informações, notificação de toxi-infecções e, principalmente, mal estar depois do consumo de alimentos, orienta-se que a população procure a vigilância epidemiológica municipal ou entre em contato com o Disque Vigilância, pelo número 150.