Câncer: novas visões sobre as potenciais abordagens - Parte 2

Medicina & Saúde - coluna semanal do Centro Integrado de Terapia Onco-hematológica.

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O Instituto Nacional do Câncer, dos Estados Unidos, convocou uma reunião para avaliar o problema de "excesso de diagnóstico" ou “overdiagnosis”, que ocorre quando os tumores detectados, se deixados quietos, não iriam se tornar clinicamente aparentes ou causar mortes. O “overdiagnosis”, se não for reconhecido, geralmente leva ao “overtreatment” ou “excesso de tratamento”. Este ponto de vista resume as recomendações de um grupo de especialistas formado para desenvolver uma estratégia para melhorar a abordagem atual para o rastreamento e a prevenção do câncer.

Programas de rastreamentos periódicos têm o potencial para identificar um reservatório de tumores indolentes. No entanto, o câncer ainda é considerado um diagnóstico com consequências fatais se não tratado.

Uma intervenção de triagem ideal é aquela focada na detecção da doença que acabará causando algum dano ao paciente ou que é mais provável de ser curada se detectada precocemente e naqueles tumores para os quais os tratamentos curativos são mais eficazes se a doença é diagnosticada em estágio inicial. Indo além, a habilidade de criar melhores programas de rastreamento dependerá da capacidade de melhor caracterizar a biologia da doença detectada, de usar a dinâmica da doença (o comportamento ao longo do tempo) e os diagnósticos moleculares que determinam se o câncer será agressivo ou indolente para evitar o “overtreatment”. A compreensão da biologia dos tumores malignos é necessária para aperfeiçoar os programas de detecção precoce e os tratamentos adequados para cada tipo de tumor.

As conclusões do grupo de especialistas do National Cancer Institute são:

A intenção original da triagem é detectar o câncer em estágios iniciais para melhorar os resultados de diagnóstico e tratamento, no entanto, a detecção de tumores com uma biologia mais favorável contribui para melhores resultados. As triagens resultam na identificação de uma doença mais indolente. Embora nenhum médico tenha a intenção de “tratar com excessos” ou “superdiagnosticar” o câncer, as triagens e a conscientização dos pacientes têm aumentado a chance de identificar um espectro de tipos de câncer, alguns dos quais não são fatais. Políticas que impedem ou reduzem a chance de excesso de diagnósticos e evitem o “overtreatment” são necessárias, mantendo os benefícios da detecção precoce que é um dos principais contribuintes para a diminuição da mortalidade e para evitar que a doença cause metástases. As recomendações deste grupo de especialistas servem como abordagens iniciais. Médicos e pacientes devem se envolver em uma discussão aberta sobre estas questões complexas. Os meios de comunicação devem compreender e comunicar a mensagem, para que haja maior envolvimento da sociedade na melhoria da abordagem do rastreamento do câncer.

Gostou? Compartilhe