Tudo deve começar com uma avaliação física, que deve ser individual, onde serão identificadas as necessidades de cada indivíduo. Depois, é montada uma combinação de exercícios que, além de evitarem que o treino seja igual todos os dias, ainda melhora os resultados. Esse é o Cross Training. “Primeiro se faz a avaliação, identificando quais são as necessidades mecânicas e fisiológicas como, a capacidade aeróbia, força isométrica, força de resistência, controle do diabetes e colesterol, obesidade, entre outros. Depois de concluída esta etapa, é possível diagnosticar qual a necessidade do aluno e quais exercícios podem proporcionar a melhora de sua aptidão física”, explica o educador físico Marcel Muscopf de Almeida.
Para a seleção das atividades físicas, devem-se levar em conta as limitações e capacidades de cada aluno. Quanto às atividades selecionadas, deve-se analisar qual estímulo irá promover um resultado rápido e duradouro para cada segmento de seu organismo, pois no mesmo indivíduo, geralmente, são encontradas necessidades diferentes para cada fragmento corporal (flexibilidade muscular, obesidade, correção postural, incompatibilidade de força em membros, problemas articulares, pouca coordenação motora, entre outros). “Não existe um exercício que promova uma maior eficiência em todas as capacidades físicas de um indivíduo, já que ocorrem desigualdades de estímulos, biomecânicas e intervalos. Tudo depende do objetivo desejado. Um exemplo disso é a musculação em relação a uma aula de pilates, referindo-se à melhora do tônus muscular: por mais que as duas atividades sejam exercícios resistidos e promovam a melhora do tônus, a musculação exige uma performance excêntrica do movimento mais intensa do que o pilates, promovendo melhor ganho muscular em um período de menor tempo”, salienta.
Entrevista
Medicina & Saúde – Como se define quais os exercícios indicados para cada pessoa?
Marcel Muscopf de Almeida – Primeiro devemos lembrar que existem resultados diferentes para cada modalidade, por exemplo: qual estímulo promove um gasto calórico maior: o percurso de um km caminhando ou, o mesmo correndo? Ambos gastam a mesma quantidade de calorias, o que os diferencia é o tempo de atividade física, ou seja, a pessoa correndo consegue finalizar o percurso antes do que terminaria caminhando, isso possibilita ao indivíduo fazer uma distância maior em um mesmo intervalo de tempo. Isso acarreta na elevação do gasto calórico, obrigando o organismo a se adaptar e acelerar o metabolismo e o processo de emagrecimento, se assim for desejado. Podemos acelerar os resultados combinando algumas atividades que tenham o mesmo princípio, ou que colaborem para a prevenção de lesões e preparem o organismo para a prática da atividade física. Um exemplo disso pode ser um circuito para emagrecimento: todas as atividades que atuam de forma cíclica, em torno de movimentos que se repetem como natação, corrida, ciclismo, remo, pular corda, entre outros, que serão picos de alta intensidade. Nos seus intervalos podemos realizar pausas ativas com exercícios de musculação, trabalho funcional, jump, step, hidroginástica, boxe, dependendo do nível de treinamento do aluno e da estrutura a que tem acesso. Para grupos iniciantes, o estímulo pode ser feito ao contrario. As intensidades e volume de treinamento só devem ser propostas por um profissional da atividade física.
Medicina & Saúde – Estas combinações podem melhorar os resultados?
Marcel Muscopf de Almeida – Combinações com exercícios resistidos podem melhorar e muito a condição muscular e óssea do praticante da atividade física. Quanto maior for a variação de exercícios, maior será a coordenação motora, que diretamente eleva a quantidade de força muscular, ou seja a coordenação atua diretamente na evolução do treinamento possibilitando trabalhos mais complexos e eficientes. Podemos combinar para um mesmo treino de hipertrofia exercícios além da tradicional musculação com trabalhos funcionais, TRX, plataformas de vibração, ginástica localizada e pilates. Podendo entrelaçar séries para o mesmo grupamento muscular e/ou conforme a necessidade do treinamento, utilizar de modalidades diferentes para diferentes partes do próprio corpo, caso haja alguma limitação articular.
As fases do planejamento
O planejamento físico necessita de uma periodização, que deve ser divida em Três fases: preparatória, especifica e transição. “Nessa periodização, o profissional promoverá, no treino, atividades de acordo com a evolução física. Não existe uma regra especifica para a evolução física do indivíduo, isto se modifica a partir da sua genética, idade, sexo, histórico de atividade física, sono, alimentação e frequência de treino. Deste modo não se pode fixar um percentual de melhora em um prazo de tempo determinado para um grupo homogêneo, apenas afirmar que diferentes atividades físicas exigem uma maior adaptação do organismo. Assim, objetivando a saúde plena, qualquer atividade física pode ser combinada com a outra, desde que sejam feitas a partir da sua necessidade, no momento certo e na intensidade correta”, destaca o educador físico.
A duração e frequência do exercício dependem da aptidão física do indivíduo e fase de treinamento. De acordo com ele, é visível que um treino com qualidade e quantidade na devida proporção, acelerará o resultado. “A sugestão é que se faça um treino onde a frequência planejada será mantida, pois é aconselhável um modelo treino planejado para apenas três dias na semana e seja seguido este padrão, do que um treino para todos os dias que não é realizado diariamente. Neste último caso, provavelmente não serão realizados intervalos e series preparatórias para os próximos estímulos. A duração vai depender do objetivo e exercício propostos. Para a maioria dos trabalhos, não é necessário mais do que uma hora de treino diário para iniciantes”, ressalta.
Atividades diferentes, se colocadas nas intensidades adequadas e nos momentos corretos do treino, podem ser trabalhadas para evoluir a performance do indivíduo, proporciona um leque de atividades maior e mais eficiente, conforme afirma Marcel. “Mas é de suma importância que sejam realizadas por um profissional da educação física e com acompanhamento do mesmo, pois o feedback é um fator determinante na resposta fisiológica do aluno”, alerta.
