Escrever para mim tem uma função catártica, no sentido youguiano do termo. Consigo minimizar minhas defesas internas quando compartilho meus sentimentos. . Esta catarse tira dos meus ombros a sobrecarga de ser eu mesma.
Minha paixão pelo romance tem a mesma função, na medida em que consigo colocar-me no lugar de algum personagem e, através dele, me purifico, me coloco com mais propriedade frente à vida. Considero a catarse necessária ao equilíbrio emocional.
Estas considerações devem-se ao meu livro que está quase saindo do forno, que é fruto de relatos de sentimentos relacionados a situações cotidianas pessoais, mas que podem ser facilmente universalizadas. Somos tão parecidos, nós humanos, principalmente os “demasiado humanos”. Estou em estado de graça, em estado taquicárdico, em estado de pavor frente ao livro que está sendo ultimado e que me custou tantas horas de reflexão, de corridas lá fora para um cigarrinho, de dificuldade em enxergar as letras por causa das lágrimas, que inúmeras vezesme fizeram companhia. Escrevi também muitas alegrias, conquistas, reconhecimentos necessários do muito amor de que sou alvo. Acho que o amor é o que está mais em evidência na miscelânea que é o COM PAIXÃO.
Fico pensando nesses anos todos retratados nos textos, em que escrevi embalada pelas emoções inerentes às situações da minha vida e à fumaça do cigarro, que eu necessitava fumar, enquanto arquitetava ideias. Será que os textos seriam diferentes sem a fumaça? Ou sem o intervalo de “ir lá pra fora”?
Passados tantos meses sem fumar já escrevo na mesma velocidade de antes e já não tenho compulsão por parar a toda hora. Penso sentada no mesmo lugar sem nenhuma dificuldade. Ufa! As coisas todas estão ficando mais fáceis, mas temo não sobreviver até o lançamento do meu novo livro. Que venha a Feira do Livro, uma das minhas grandes paixões!