Como encarar a obesidade infantil

Medicina & Saúde - Criança gordinha não é sinônimo de criança saudável. Pelo contrário, o excesso de peso pode trazer riscos à saúde dos pequenos. Por isso, estimular hábitos saudáveis é sempre a melhor escolha.

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

“As crianças ganham por volta de dois quilos e meio por ano, o que corresponde a 200 gramas por mês. Na fase do estirão, que precede a puberdade, o aumento de peso é maior porém, compensado pelo crescimento. Quando a criança ganha um quilo por mês, é preciso estar atento”, explica o médico gastropediatra José Alexandre Welter.“Recomendo que os pais fiquem atentos ao peso dos filhos, principalmente se tiverem casos de obesidade na família. Se você vê uma criança engordar três quilos em seis meses é preciso procurar ajuda de um especialista”, alerta.

Para cada idade há um peso adequado, medido pelo IMC, utilizado tanto em adultos quanto em crianças. Entretanto, os pequenos têm uma tabela específica que leva em conta a idade e o sexo. “Se a criança estiver com sobrepeso, é um sinal de alerta”.

O momento mais propício para que a criança adquira hábitos alimentares perigosos ocorre após os dois anos de idade, quando ela começa a compartilhar das refeições da família. “É na fase pré-escolar que a criança passa a ter mais autonomia, a andar, comer sozinha e a se interessar por novas coisas: então, ela passa a desenvolver a seletividade e a rejeitar alguns alimentos. Por isso, um bom modelo familiar é fundamental, pois ele vai determinar o padrão de alimentação da criança”, explica o médico.

Outro fator importante é que a partir dos dois anos, o ritmo de crescimento da criança diminui bastante e “ela passa, então, a se alimentar em menor quantidade. As mães, no entanto, acham que ela não está crescendo adequadamente e passam a oferecer mais e mais alimentos. Some-se a isso o fato de que é justamente nessa fase que o número de consultas ao Pediatra diminui – uma vez que as doenças típicas dos dois primeiros anos desaparecem. Por isso, os especialistas recomendam duas visitas aomédico ao ano, para prevenção de obesidade”, sugere o especialista.

No Brasil, verifica-se nas últimas décadas um processo de transição nutricional, constatando-se uma redução na prevalência da desnutrição infantil e um aumento na prevalência de obesidade.

Em 2010 o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram dois grandes levantamentos dos números do excesso de peso e obesidade no Brasil: os resultados obtidos evidenciam que o excesso de peso foi observado em 33,5% das crianças entre cinco a nove anos, sendo que 16,6% dos meninos também eram obesos; entre as meninas, a obesidade apareceu em 11,8%. Esses números representam um salto na frequência de excesso de peso nessa faixa etária ao longo de 34 anos em meninos e meninas.

“Vários fatores são importantes na gênese da obesidade, no entanto, os que poderiam explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios físicos, são os principais fatores relacionados ao meio ambiente”, salienta o médico.

As medidas para enfrentar o problema começam dentro de casa. Os pais devem zelar pelo cardápio adequado. “A vida sedentária facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, televisão, videogames, etc.), fazem com que as crianças não precisem se esforçar fisicamente a nada. Ao contrário de alguns anos atrás, atualmente as crianças, por medo da violência urbana e a pedido de seus pais, ficam dentro de casa com atividades que não as estimulam a fazer atividades físicas, como correr, jogar bola, brincar de pique etc. Passam muitas horas sentadas diante da TV ou do computador, quase sempre com um pacote de biscoitos ou de salgadinhos (feitos com muita gordura e muito sódio), regado a refrigerantes muito açucarados. Além disso, as redes de fast-food adotam pesadas estratégias de marketingvisando capturar a preferência do público infantil e se tornaram imensamente populares no Brasil”, avalia.

Não é preciso ser radical e abolir todas as guloseimas de que os pequenos tanto gostam. O bom senso é a melhor alternativa. Doces, lanches e refrigerantes podem ser consumidos, mas com pouca frequência e em quantidades limitadas.“Os pais precisam fazer opções inteligentes quando o assunto é a alimentação dos pequenos e saber negociar com eles as guloseimas para ocasiões especiais. O importante é que elas não façam parte da rotina da criança”.

A matéria completa você confere nas edições impressa e digital de O Nacional.  Assine Já

Gostou? Compartilhe