A depressão é uma doença caracterizada pelo humor deprimido e/ou tristeza, perda do interesse e prazer pelas coisas, isolamento, alterações de peso e/ou sono, sentimentos de desesperança, pensamentos suicidas e uma visão pessimista recorrente dos fatos. Ela constitui uma patologia que resulta da interação entre fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Sujeitos deprimidos apresentam um funcionamento cognitivo comprometido e passam a manifestar dificuldades de atenção, memória e aprendizagem, por um período mínimo de duas semanas (APA, 2013). No Brasil, ela afeta tanto mulheres quanto homens, de diferentes idades e causa sofrimento significativo no âmbito afetivo, social e laboral. Sua prevalência gira em torno de 10% da população ao longo da vida e no mínimo 3% em um ano (FLECK et al., 2009).
Aaron Beck, pai da Terapia Cognitiva, na década de 60, reformulou totalmente a psicopatologia da depressão, enfatizando que nesses pacientes há uma interpretação equivocada da realidade. Seus estudos concluíram que o paciente deprimido possui uma visão negativa de si mesmo, do mundo externo e do futuro, expressada através das distorções cognitivas (BECK, 2013).
Essa modalidade de terapia possui um caráter educativo, de sessões estruturadas e tempo limitado, cujo foco e as metas são voltados para a resolução de problemas presentes do sujeito. Trata-se de uma abordagem ativa, que leva em conta a importância de uma aliança terapêutica sólida e orientada a identificar e avaliar pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais a partir de técnicas específicas. Utilizam-se estratégias extrassessões como as tarefas de casa, com o objetivo de que os pacientes coletem evidências a cerca da validade de seus pensamentos e desenvolvam novas formas de agir, sentir e pensar (BECK, 2013; SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011).
Quando um paciente com sintomas depressivos procura tratamento, faz-se necessário avaliar a intensidade de seus sintomas. O objetivo da terapia cognitivo-comportamental (TCC) com pacientes deprimidos é identificar e corrigir pensamentos e crenças distorcidas. Para tanto, torna-se indispensável lançar mão da reestruturação cognitiva, através de técnicas de automonitoramento. Técnicas comportamentais também complementam este método de psicoterapia. Estudos comprovaram que pacientes com Transtorno de Humor, quando em psicoterapia, apresentam diminuição da intensidade e recorrência dos seus sintomas (SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011).
Em muitos casos, o paciente necessita associar a utilização de fármacos juntamente com a TCC. Essa combinação traz resultados eficazes, inclusive na prevenção da recaída (RODRIGUES; HORTA, 2011).
Outro ponto que precisa ser foco de atenção durante o tratamento com pacientes com depressão é a ideação suicida. Muitas vezes, o desejo de um paciente deprimido de escapar da vida pode ser tão grande que a ideia de suicídio representa o único alívio para a situação presente. A primeira meta ao ajudar um paciente suicida implica emencontrar o motivo que o leva a pensar em morte. Algumas pessoas declaram que sua meta é desistir, escapar da vida e buscar um ponto final. Outros sujeitos que tentaram suicídio referem que jogaram com a morte para produzir efeitos interpessoais manipulativos. Uma característica que demarca este tipo de pacientes é a noção da aceitabilidade ou desejabilidade em resolver suas questões através da morte, de modo que a terapia procure auxiliar na busca de outras formas de resolver seus problemas (BECK et al., 1997; SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011; SUDAK, 2008).
Portanto, percebe-se que a TCC é um método de tratamento desenvolvido e adaptado para o trabalho com diversas psicopatologias. Através do uso de técnicas específicas, realizam-se modificações em nível de pensamentos, comportamentos e sentimentos, percebendo-se a eficácia dessa abordagem nos quadros de depressão. Além disso, a TCC possibilita melhor adesão ao medicamento, podendo diminuir a intensidade dos sintomas e a frequência dos episódios de humor.
Diego Rafael Schmidt é acadêmico do 10º nível da Escola de Psicologia da Imed
Cristina Pilla Della Méa é psicóloga clínica, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e especialista em Psicologia Clínica, professora Escola de Psicologia da Imed