Presbifagia: o envelhecimento da deglutição

Medicina & Saúde - coluna da fonoaudióloga Stéfanie Rozin

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Segundo dados do IBGE, o Brasil tinha 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 2012. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o país seja o sexto em número de idosos em 2025, quando deve chegar a 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.

No processo de envelhecimento ocorrem mudanças nas estruturas e nas funções do nosso corpo, que podem variar de um idoso para o outro, mas que são normais nessa fase da vida. Algumas dessas mudanças podem comprometer os órgãos fonoarticulatórios e, por consequência, modificam as funções orofaciais (mastigação, deglutição, fala). Chama-se presbifagia a dificuldade de engolir os alimentos em função do envelhecimento das estruturas envolvidas, sem causa neurológica associada. Caracteriza-se pelas modificações e alterações na condução do bolo alimentar em indivíduos idosos saudáveis.

As modificações na deglutição no envelhecimento ocorrem pela disfunção sensorial, de forma progressiva, que afeta o paladar e o olfato, pelo uso de prótese dentária mal adaptada ou pela perda de dentes, a diminuição da saliva no uso de alguma medicação, e a redução do tônus muscular prejudicando visivelmente o processo da mastigação e a fase preparatória da deglutição.

A língua pode apresentar redução de mobilidade e força muscular, além da perda de papilas gustativas. Em conjunto com a diminuição do olfato, informações sensoriais importantes são comprometidas durante a alimentação. A diminuição do tônus da musculatura mastigatória leva o idoso mais rapidamente à fadiga muscular. Soma-se a isso, a diminuição da sensibilidade faríngea e redução da elevação da laringe, diminuindo a proteção das vias aéreas.

Com o avançar da idade, o idoso passa a demorar-se para mastigar e engolir os alimentos e pode ainda engolir grande quantidade de alimento sem perceber, já que a sensibilidade na cavidade oral pode estar diminuída.

É primordial observar os seguintes sinais:

- engasgos e tosses frequentes ao se alimentar;

- alteração no vedamento (fechamento) labial;

- tremor labial e lingual;

- boca muito seca;

- dificuldade para mastigar os alimentos;

- dificuldade para controlar o alimento dentro da boca;

- sentir falta de ar e cansaço enquanto se alimenta;

- preferir alimentos de consistência mais mole.

Se estes sinais aparecerem com freqüência, acompanhados de febre e perda de peso, podem indicar um quadro diferente da presbifagia que faz parte do envelhecimento natural. Ao contrário desta, a disfagia é mais grave e em muitos casos está associada a diferentes patologias de base neurológica. Neste caso, é importante conversar com o seu médico. A videofluoroscopia ou videodeglutograma é o exame radiográfico em tempo real da deglutição que permite a visualização de alterações da cavidade oral até o alimento chegar no estômago.

O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para ajudar o indivíduo com dificuldades para engolir. A terapia baseia-se em exercícios para melhorar a postura, tônus e mobilidade da musculatura oral, melhorando também aspectos de sensibilidade e prevenindo futuros engasgos. A alimentação segura deverá ser sempre fonte de prazer, nunca de preocupação. Fique atento!

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