Álcool, um problema cada vez mais perto dos jovens - Parte 2

Medicina & Saúde - artigo de Moises Chencinski.

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O consumo atual de bebida alcoólica entre os escolares, avaliado pelo consumo feito nos 30 dias que antecederam a pesquisa, foi de 26,1% no Brasil e não apresenta diferenças relevantes entre os sexos masculino (25,2%) e feminino (26,9%). Escolas privadas (23%) e públicas (26,7%). Os dados da PeNSE para os municípios das capitais, em 2009 e 2012, não mostraram diferenças de grande magnitude. Em 2009, o consumo de bebida alcoólica nos últimos 30 dias foi de 27,3% e, em 2012, 26,8%.

 

- Local de obtenção da bebida alcoólica

Entre os escolares que consumiram bebida alcoólica 30 dias antes de responder ao questionário da PeNSE, a forma mais comum de obtê-la foi:

 

* Em festas (39,7%) – Meninas (44,4%) / Meninos (33,9%)

* Com amigos (21,8%) – Meninas (23%) / Meninos (20,4%)

* Comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%) - Meninas (10,5%) / Meninos (21,9%)

* Em casa (10,4%) – Meninas (11,2%) / Meninos (8,8%).

 

- Episódio de embriaguez

* 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de embriaguez na vida (27,4% - Região Sul a 17,3% Região Nordeste)

* Escolas públicas (22,5%) com episódio de embriaguez / Escolas privadas (18,6%) com episódio de embriaguez.

 

Com relação ao consumo de álcool, 10,0% dos estudantes relataram ter tido problemas com suas famílias ou amigos, faltaram às aulas ou se envolveram em brigas, porque tinham bebido. A proporção de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool variou de 11,5%, na região Centro-Oeste, a 8,4%, na região Nordeste. O percentual de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool foi discretamente maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).

Estudo recente, publicado em junho de 2013, no Journal of Adolescent Health também mostra resultados estarrecedores. Foram avaliados alguns fatores relacionados ao primeiro envolvimento com o álcool entre crianças e adolescentes, no Condado de Allegheny, Pennsylvania.

A pesquisa verificou a idade em que as crianças tomavam o primeiro gole ou experimentavam pela primeira vez o álcool, em que beberam, em que beberam 3 ou mais doses seguidas, 5 ou mais doses na sequência, se embriagaram ou tiveram problemas decorrentes do abuso do álcool entre 8 anos e meio e 18 anos.

 

O estudo mostrou que:

* Entre 8 anos e meio e 12 anos e meio havia dois subgrupos: abstêmios e experimentadores. Aos 12,5, os experimentadores chegavam a 67% da amostra

* Entre 13 e 18 anos já havia 3 subgrupos: abstêmios, experimentadores ou consumidores leves e consumidores com quadros de embriaguez. Nesse último grupo (embriaguez), entre 13 anos e meio e 15 anos e meio, o uso era de 3 a 4 drinks por ocasião

* Aos 18 anos, experimentadores / consumidores leves eram 55% da amostra e consumidores com embriaguez chegavam a 38% da amostra.

 

Concluiu-se que a experiência com álcool na infância está surpreendentemente difundida, desde os 12 anos de idade. 25% da amostra já haviam bebido antes dos 15 anos de idade, sendo que a embriaguez aumentou com a adolescência, mesmo após o consumo de 3 a 4 drinks em uma ocasião.

Outras pesquisas sugerem que quanto mais precoce a experimentação do álcool, mais cedo se adquire o hábito de beber, já por volta dos 14 anos de idade.

 

* Aos 14 anos, 75% já tinham experimentado bebidas com álcool, 19% relataram que beberam, 3% haviam bebido 3 ou mais doses em uma ocasião e 2% relataram embriaguez;

* Aos 18 anos, 96% já tinham testado ou bebericado álcool enquanto cerca de 78% já relatavam o hábito de beber e cerca de 30% já relatavam dois ou mais problemas relacionados ao álcool.

 

O estudo sugere que:

* Quanto mais tarde a exposição ao álcool, menos os riscos de problemas com álcool posterior

* Adolescentes cujos pais permitiram experimentação em casa tinham riscos mais significativos de abuso e problemas com álcool na adolescência

* Crianças que bebericaram aos 10 anos tinham 2 vezes mais possibilidade de começarem a beber aos 14 anos ou menos. Essa experimentação tão precoce aumentava a probabilidade de envolvimento com outros problemas comportamentais na adolescência e como jovens adultos.

 

Moises Chencinski é pediatra e homeopata

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