A tomografia computadorizada é uma excelente técnica diagnóstica, e novos usos clínicos têm sido identificados. Como resultado, as taxas de uso do exame aumentaram rapidamente nos Estados Unidos e em outros lugares nos últimos 10 anos. Apesar de o benefício imediato para o paciente ser substancial, a alta taxa de radiação da tomografia levanta preocupações relacionadas à saúde, principalmente para crianças.
Um estudo australiano constatou que a incidência de câncer é 24% maior em crianças e adolescentes submetidos a tomografias do que em pessoas da mesma faixa etária que não passaram pelos exames. Os dados da vida de quase 11 milhões de pessoas foram analisados. Pouco mais de 680 mil deles foram submetidos à exames de imagens. O tempo médio de acompanhamento foi de 9,5 anos no grupo exposto e 17,3 anos no grupo não exposto.
Os pesquisadores compararam a incidência de câncer naqueles que fizeram alguma tomografia ao menos um ano antes do diagnóstico da doença ser confirmado com a de jovens que não passaram pelo exame. Segundo os pesquisadores, como o número de casos no início da vida é baixo, o índice de casos identificados foi baixo. A cada 10 mil pessoas, o estudo encontrou 45 confirmações de câncer em jovens expostos e seis a menos em jovens não expostos.
A pesquisa ainda indicou que o risco de câncer aumentou 16% a cada tomografia realizada. As chances também são maiores entre as crianças mais novas e diminuem com o aumento da idade. Apesar do risco de câncer diminuir com o passar do tempo após a realização da tomografia, os cientistas acreditam que ele permanece alto até 15 anos depois dela. Câncer no cérebro, na tireoide e melanoma – que atinge as células responsáveis pela pigmentação da pele - foram os tipos mais identificados.
Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que não é possível presumir que todos os casos identificados após tomografias tenham sido exclusivamente causados pelos exames. O estudo também não exclui a possibilidade de que, em alguns casos, a suspeita um câncer precoce possa ter levado à tomografia, que acabou por confirmar o diagnóstico.