A percepção sobre os acontecimentos do dia a dia e sobre os eventos comemorativos depende da visão de mundo e de ser humano, que constituímos e mantemos. O natal e o ano novo são momentos que dividem as opiniões e os sentimentos no que diz respeito às lembranças do passado e as perspectivas de futuro.
O natal é o nascimento de uma nova realidade, que pode ser percebida como novidade e perspectiva de crescimento. As pessoas se motivam para preparar o ambiente com enfeites, lâmpadas coloridas e adereços que reportam aos bons momentos de convivência, alegria e esperança. E o ano novo? Carregado de perspectivas, de projetos e de prosperidade. As famílias se reúnem para festejar, realizar pedidos e demonstrar que tem muito a realizar no ano que está para começar.
Tudo seria perfeito se o ser humano não tivesse a capacidade de pensar e sentir. São justamente as diferentes percepções que produzem pensamentos que invadem o mais tenro sentido: O sentido que atribuímos à vida!
O natal e o ano novo são momentos que questionam a qualidade do tempo, o qual somos guardiões, nos remetem ao passado, questionam o presente e nos cobram atitudes para o futuro. Assim, entendemos o porquê da incidência de pessoas que se deprimem, se isolam, adoecem e preferem fingir que não percebem o tempo e o compromisso com a carga simbólica que estas festas representam. Dependendo do estado de saúde emocional que nos encontramos, podemos enfrentar ou fugir, e nem sempre conseguimos enfrentar sozinhos e por isso, precisamos do outro para nos ajudar a ressignificar o passado, planejar o futuro e viver bem o presente, pois presente, passado e futuro estão integrados e fazem parte de uma mesma história.
O OUTRO, num processo inicial de constituição psíquico, foi quem possibilitou ao EU perceber a realidade em que vivo e atuo. Ao perceber que neste período do ano você começa a ficar triste com mais frequência, pessimista, baixo auto-estima, desvalia e choro excessivo, pode ser os sinais da depressão de fim de ano. A saída é pedir ajuda às pessoas mais próximas, buscar alternativas com um profissional especializado, tratar e superar estes sintomas. Pois, se o sentido da percepção está no outro, a ressignificação atualizada também está. E a única maneira de repensar é pensar juntos.
Portanto, sabemos que o caminho se faz caminhando e a vida é um trajeto que não sabemos o fim. Vamos nos preparar para celebrar e comemorar, o natal e o ano novo, abertos para viver e conviver à realidade a partir de uma percepção positiva, otimista e acima de tudo humanizada. Não precisamos ceder às ditaduras das aparências e da troca involuntária de presentes, mas vamos construir um natal e um ano novo repleto de sentido, e o verdadeiro sentido vem do íntimo do ser humano e se concretiza por meio do afeto, do respeito, da acolhida e do comprometimento com a vida. Curtir o natal e o ano novo consiste em compartilhar estes momentos com a família e com as pessoas significativas, que agregam valor, nos respeitam e nos reconhecem como seres em desenvolvimento. Assim, o natal e o ano novo são momentos mágicos que nos transformam internamente e nos tornam mais sensíveis à vida. “As melhores e mais lindas coisas do mundo, não se pode ver nem tocar, elas devem ser sentidas com o coração”. (Simone Beauvoir).
Luiz Ronaldo Freitas de Oliveira é psicólogo, professor e coordenador do curso de Psicologia da Imed