“A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa do Sistema Nervoso Central que vem sendo cada vez mais frequente no nosso meio em virtude da longevidade”, explica Silvana Momm Crusius, mestre em geriatria e membro do Instituto da Memória e do Instituto de Neurologia e Neurocirurgia. De acordo com ela, a Da é detectada através da consulta com o médico especializado com o auxílio de testes neuropsicológicos, exames de neuroimagem como, por exemplo, a tomografia ou a ressonância cerebral e exames de sangue que descartem a possibilidade de outra demência. Esses exames são solicitados a partir da queixa do próprio paciente ou de familiares a respeito da alteração da memória ou do comportamento.
“Pessoas que sofrem de Doença de Alzheimer podem tornar-se esquecidas, repetitivas, desatentas, incapazes de realizar tarefas que antes faziam parte do seu cotidiano e até podem apresentar-se com alterações de comportamento”, salienta a médica. Silvana lembra ainda que a idade mais frequente para o surgimento da DA é após os 65 anos de idade e o diagnóstico precoce é fundamental para a preservação da qualidade de vida dos indivíduos.
Conforme a médica, infelizmente a medicina ainda busca a cura para a DA. “Atualmente existe tratamento medicamentoso e psicológico para os pacientes e também para os cuidadores dos doentes de Alzheimer. Sabe-se que os medicamentos, apesar de não serem capazes de curar a doença, são importantes, pois agem freiando a progressão da DA”, ressalta.
Além disso, como na maioria das doenças, o diagnóstico precoce e o uso correto dos medicamentos desenvolvidos para o tratamento da DA faz com que o indivíduo permaneça por mais tempo independente e capaz de realizar as suas tarefas de vida diária sem auxílio. “Muitas vezes se faz necessária a utilização de medicamentos que agem no comportamento e nas emoções do paciente para que ele e o cuidador tenham uma melhor qualidade de vida”, destaca a especialista.
Entrevista
Medicina & Saúde – Quais os principais sintomas da Doença de Alzheimer?
Silvana Momm Crusius - Pode-se pensar no diagnóstico de DA para aquele indivíduo que vem apresentando déficit de memória, repetição de histórias, alterações de comportamento e incapacidade de realizar tarefas do dia-a-dia. Muitas vezes o paciente refere-se com frequência ao passado e tem dificuldade em reter as informações mais recentes e resolver problemas simples do cotidiano.
Medicina & Saúde – Com relação aos familiares, o que eles devem fazer para melhorar a convivência com quem tem Alzheimer?
Silvana Momm Crusius – Comumente os familiares e cuidadores de doentes com Alzheimer apresentam-se estressados e cansados da rotina que não é fácil, já que cuidar de uma pessoa com déficit de memória exige muita paciência, calma e dedicação. É normal sentir-se esgotado e exausto. Para que o relacionamento seja mais tranquilo entre os familiares, cuidadores e doentes é importante evitar os confrontos com a pessoa idosa, evitar tentar forçar com que ela lembre de coisas ou de pessoas que já não é capaz e redirecionar a atenção do idoso quando ele começar com alguma discussão. É importante aceitar a ajuda de outras pessoas e não esquecer que o familiar e o cuidador também dispõe de uma vida própria, que, apesar de toda a dedicação com o idoso, também é necessário cuidar de si mesmo e da sua saúde.
Medicina & Saúde – Pessoas com este problema precisam de atenção especial?
Silvana Momm Crusius – Certamente pessoas portadoras de DA necessitam de atenção especial pois são indivíduos fragilizados e incapazes de exercer suas tarefas cotidianas com total independência. Além disso, são pessoas que apresentam maior chance de sofrerem acidentes domésticos, quedas e maus tratos. Pacientes com DA merecem cuidados especiais tanto da família quanto dos profissionais da saúde.
Colaborou
Silvana Momm Crusius, médica de Família, mestre em Geriatria, professora da Faculdade de Medicina da UPF, membro do Instituto da Memória e do Instituto de Neurologia e Neurocirurgia
INICIAL
* Frequentemente negligenciado e incorretamente considerado como “processo normal do envelhecimento”
* Dificuldades com linguagem, para tomar decisões e lembrar fatos recentes
* Desorientação de tempo e espaço
* Perda de iniciativa, motivação, interesse nos hobbies e outras atividades
* Sinais de depressão
INTERMEDIÁRIO
* Dificuldade com as atividades do dia a dia e na comunicação verbal
* Esquecimento de fatos recentes e nome das pessoas
* Maior dificuldade em administrar a casa ou negócios
* Necessidade de assistência na higiene pessoal
* Apresentação de problemas de vagância (andar sem parar)
* Alterações de humor e de comportamento, como agitação, agressividade (física e/ou verbal), apatia, depressão e ansiedade, entre outros
AVANÇADO
* Dependência se torna mais severa
* Distúrbios de memória são mais acentuados
* Aspecto físico da doença se torna mais aparente
* Pode apresentar dificuldades para alimentar-se de forma independente
* Não reconhece familiares, amigos e objetos conhecidos
* Dificuldade em entender o que acontece ao seu redor e de locomoção
* Incontinência urinária e fecal
* Comportamento inadequado em público, agressividade e agitação
Incidência
Pode ocorrer a partir dos 50 anos, embora seja mais comum em pessoas com mais de 65 anos de idade. Atualmente, afeta cerca de 18 milhões de pessoas no mundo, sendo 1,2 milhão de brasileiros.