Uma pesquisa inédita sobre endometriose, realizada pela equipe de pesquisa do professor João Sabino Cunha Filho, da Faculdade de Medicina da UFRGS, foi apresentada como tema livre durante o Congresso Americano de Medicina Reprodutiva. O evento ocorreu de 12 a 17 de outubro em Boston, nos Estados Unidos e é o maior e mais importante da especialidade, com mais de 10 mil médicos e cientistas inscritos. A descoberta dos pesquisadores gaúchos abre perspectivas no tratamento de mulheres com a doença.
O estudo identificou uma mutação do gene do Hormônio Luteinizante (LH), relacionado à endometriose e fundamental para a ovulação e manutenção da gravidez. Mulheres com anormalidade na liberação do LH poderão ter dificuldade para ovular ou até mesmo para manter a gestação. Sabino, especialista do Centro de Reprodução Humana Insemine, destaca que a pesquisa é pioneira em ligar essa importante doença com anormalidades genéticas que podem relacionar a infertilidade a alguma alteração hormonal.
“Uma mulher sadia de 30 anos tem 25% de chance de engravidar por mês. Já uma mulher com endometriose terá apenas 2 a 4% de possibilidade de gestação no mesmo período”, explica Sabino. A endometriose é uma doença incapacitante relacionada à dor pélvica crônica e causa dificuldade para engravidar. Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose, mais seis milhões de mulheres na faixa de 20 a 40 anos são afetadas pela endometriose apenas no Brasil.
Sobre a endometriose
A doença ocorre quando partes do endométrio - tecido que reveste internamente a cavidade uterina e é parcialmente eliminado pela menstruação - fixam-se em órgãos como ovários, ligamentos pélvicos, intestino, bexiga, apêndice e, em casos extremos, o pulmão.
As causas, segundo o especialista, são variadas. “Possíveis fatores de risco são: começar a menstruar muito cedo, nunca ter tido filhos, ciclos menstruais frequentes, menstruações que duram sete dias ou mais e a hereditariedade, pois a mulher cuja mãe ou irmã tem endometriose apresenta seis vezes mais probabilidade de desenvolver a doença do que as mulheres em geral”, alerta Sabino.
Os sintomas da doença são cólicas menstruais intensas, menstruação irregular, dor profunda e desconfortável na relação sexual, inchaço e dor abdominal. Quando a doença não é diagnosticada e tratada precocemente, pode levar a infertilidade. “Em alguns casos a paciente não manifesta nenhuma dor, apresentando apenas dificuldades para engravidar. E são exatamente esses os casos preocupantes. Como não aparecem sintomas, a mulher não se preocupa em realizar exames”, conclui.