Qual é o impacto dos projetos arquitetônicos na sua qualidade de vida e no planeta?

Medicina & Saúde - coluna de Renata Fontaneli

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O mundo passa por um momento de transição. Em um resgate histórico, pela primeira vez a população urbana é mais acentuada do que a população rural (ONU, 2011). Estima-se que até o ano de 2050 serão contados aproximadamente 9 milhões de habitantes no planeta azul, dos quais 2/3 morarão em espaços urbanos. O Brasil, por sua vez, já se encontra nessa situação, visto que em torno de 84% da população já se encontra vivendo em zonas urbanas (IBGE, 2011).

O crescimento caótico de edificações e a impermeabilização excessiva do solo provocam intensa degradação do meio ambiente. Entre os grandes responsáveis pelos impactos ameaçadores dos sistemas de suporte da vida no planeta está a atividade industrial da construção civil (SATTLER, 2004). Ainda, os edifícios destacam-se como os poluentes mais nocivos, consumindo mais da metade de toda a energia usada nos países desenvolvidos, bem como produzindo mais da metade de todos os gases que vêm modificando o clima.

Tendo em vista que o atual modelo de crescimento econômico gerou insustentáveis desequilíbrios sociais e ambientais, a arquitetura bioclimática exerce papel fundamental na concretização de uma arquitetura mais sustentável. O objetivo da arquitetura bioclimática é o de adaptar a edificação às condições do clima local, visando conforto ambiental e qualidade de vida do usuário. Seu fundamento está na utilização de estratégias passivas, como a radiação solar, iluminação e ventilação natural, sombreamento, além do emprego de materiais adequados, disponíveis localmente, que garantam desempenho à edificação.

O uso de estratégias passivas incorporadas nas fases iniciais do projeto tende a reduzir os impactos gerados pela construção, assim como a necessidade do consumo de energia elétrica para adaptação da edificação às necessidades de conforto do usuário. Uma das principais propostas bioclimáticas implantada na arquitetura contemporânea é o aproveitamento da iluminação natural. A estratégia passiva tem o potencial de intensificar a qualidade do ambiente ao mesmo tempo em que fornece a oportunidade de economizar energia. No mesmo sentido, a cobertura viva (telhado verde) surge como técnica construtiva de baixo impacto ambiental, que possibilita muitos benefícios para a edificação e seu entorno imediato. Ambas as estratégias além de proporcionarem benefícios psicológicos ao usuário, geram proveitos para a edificação.

Então, vamos ajudar a reduzir esse impacto e melhorar nossa qualidade de vida começando por melhorar nossas próprias edificações? Procure seu arquiteto ou contrate um e busque informar-se sobre essas alternativas, que se bem pensadas, podem acrescentar inúmeras melhorias sem agregar muito ou nenhum custo na sua obra! Encerro com uma frase que deveria servir de inspiração para todos: “Construir de acordo com o clima não é mais uma posição ecológica, mas sim uma necessidade.”- Lúcia Mascaró (1991).

Renata Fontaneli é arquiteta e Urbanista, Especialista em Sustentabilidade e Eficiência Energética em Edificações e Mestranda PPGEC/UFRGS.

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