Hanseníase tem cura

Doença ainda é circundada por preconceito, mas é preciso estar atento ao aparecimento dos sintomas e procurar ajuda médica. Somente através de exames clínicos é que se torna possível o diagnóstico, por isso é importante não se automedicar.

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Causada um parasita que afeta principalmente a pele e nervos, mas que também pode afetar outros órgãos, a hanseníase é uma das doenças mais antigas que se tem conhecimento. Por ter como um de seus sintomas a perda da sensibilidade, antigamente era comum que as pessoas afetas pela doença acabassem ferindo seus membros gravemente.

Para alertar sobre os sintomas e importância de procurar ajuda médica, neste domingo (26) foi comemorado o Dia de Luta contra a Hanseníase. Para tanto, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Hanseníase tem cura”, que orienta os profissionais de saúde a identificar os sinais e sintomas da doença visando o diagnóstico precoce.

Em Passo Fundo existe um ambulatório municipal que fornece o tratamento e auxilia os portadores da doença. Além deste, existe também a possibilidade de realizar tratamento com o Grupo de Pele do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). No ambulatório municipal, dois pacientes estão em tratamento. No HSVP, apenas um. Entretanto, a existência de poucos casos registrados não quer dizer que pode-se minimizar a preocupação, uma vez que a doença pode levar de três a cinco anos para se manifestar após o contágio.

Crianças também são atingidas

Em 2013, o Ministério da Saúde realizou uma campanha inédita nas escolas para diagnóstico de casos suspeitos de hanseníase e tratamento coletivo de geohelmintos em 852 municípios, considerados prioritários. A campanha teve como objetivo a detecção de casos novos de hanseníase entre menores de 15 anos. A partir destas análises foi possível identificar - nas famílias e nas comunidades - adultos portadores da hanseníase, que podem ter sido a fonte de infecção das crianças.

Foram submetidos ao exame inicial cerca 3,8 milhões de alunos, dos quais 243 mil foram encaminhados para avaliação nas unidades de saúde, sendo confirmados para a doença cerca de 300. Além disso, pela primeira vez no país, foi realizado o tratamento coletivo para verminoses, que alcançou 2,8 milhões de crianças. O Ministério da Saúde irá realizar nova campanha nas escolas, prevista para o primeiro semestre deste ano, acrescentando mais 150 municípios, totalizando cerca de 1.000 municípios.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza medicamentos gratuitamente e treina os profissionais de saúde para o atendimento das pessoas que vivem com a doença. A hanseníase é transmitida de pessoa para pessoa por quem tem contato muito próximo e prolongado com o doente, dentro do núcleo familiar ou da comunidade em que vive. Geralmente, não é transmitida dentro de um ônibus ou num local público. A hanseníase tem cura, mas pode causar incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio. O tratamento é gratuito e eficaz, com duração média de seis meses a um ano.

O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas procurem o serviço de saúde ao aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se essa mancha apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque. Quando a pessoa começa o tratamento para hanseníase, para de transmitir quase que imediatamente.

Principais sintomas

  • Entupimento, sangramento, feridas e ressecamento do nariz
  • Nódulos no corpo, em alguns casos, avermelhados e dolorosos
  • Perda de sensibilidade ao calor, a dor e ao tato
  • Febre, edemas e dos nas juntas
  • Pele seca, falta de suor, queda de pelos, formigamento, diminuição da força muscular, úlcera de pernas e pés, ressecamento nos olhos

Queda na taca de prevalência

A taxa de prevalência de hanseníase caiu 65% nos últimos 10 anos, passando de 4,33, em 2002, para 1,51 por 10 mil habitantes, em 2012. A queda é resultado das ações de combate à doença, intensificada nos últimos anos. O Brasil registrou 33.303 casos novos da doença. Em 2012, o coeficiente de detecção foi de17,17/100 mil habitantes na população em geral.  Em menores de 15 anos, o coeficiente foi de 4,81/100 mil habitantes, redução percentual acumulada de 40% na comparação com o período de 2003 (7,98/100 mil habitantes) a 2012. Cinco estados apresentam coeficiente de prevalência acima de três casos por 10 mil habitantes (Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia) e três estados a menor taxa de prevalência (Rio Grande Sul com 0,12/10 mil habitantes; Santa Catarina 0,29/10 mil e São Paulo 0,34/10 mil). 

Monitoramento

Entre as ações adotadas pelo Ministério da Saúde, também se destaca o Monitoramento para Eliminação da Hanseníase, realizado com apoio da Organização Pan-Americana/Organização Mundial da Saúde, que coletou dados em 60 municípios. Foram pesquisadas 164 unidades de saúde de todo Brasil, representando 27% da população brasileira (52,8 milhões). Os municípios selecionados foram os que apresentam maior carga da doença e concentram 60% dos casos.

Foram examinados 6.170 prontuários, realizadas 656 entrevistas com pacientes e com 279 com profissionais de saúde. No monitoramento, ficou constatado que 87,5% dos municípios brasileiros oferecem serviços de diagnóstico e tratamento para hanseníase. Também se observou na pesquisa redução da proporção de casos com grau dois de incapacidade física, de 18%, quando comparado os anos de 2007 e de 2011, demonstrando que o diagnóstico precoce está crescendo.

A ampliação da oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde; o fortalecimento da busca ativa de casos para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno, além do aumento da capacidade de profissionais para realizar diagnósticos também são medidas que vem sendo adotadas para a eliminação da doença. O Ministério da Saúde repassa, regularmente, a estados e municípios recursos para as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças, inclusive para a hanseníase, por meio do Piso Financeiro de Vigilância em Saúde. Em 2013, esses recursos totalizaram R$ 1,3 bilhão.

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