Julio Cesar Stobbe é vice-diretor médico e coordenador da Emergência do HSVP, professor adjunto de Clínica Médica da UFFS
As notícias trágicas geralmente chamam a atenção da população, desde que não se tornem como fatos de rotina: acidentes de trânsito ocorrem diariamente e nos finais de semana contabilizados os 12 ou 15 óbitos de forma trágica! Ficamos estarrecidos, mas a semana começa no corre-corre da agitada labuta da vida urbana e fica tudo no esquecimento. Vidas perdidas, famílias doloridas e saudosas dos entes queridos que tão cedo partiram. Anos de trabalho e de sonhos arrebatados, na sua maioria precocemente.
O afogamento fica geralmente na mesma "rotina", como fato corriqueiro. Mas os verdadeiros números, suas causas e consequências necessitam ser discutidas e explicitadas, para que juntos possamos melhorar e evitar números tão elevados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, afogamento, é responsável por 0,7% de todas as mortes no mundo, ou seja, 500 000 mortes/ano. É a principal causa de morte entre jovens de 5 a 14 anos de idade no mundo todo. Nos Estados Unidos da América afogamento é a segunda causa de morte entre crianças de 1 a 4 anos de idade, com uma taxa de 3 por 100 mil crianças. Na Tailândia, por exemplo, esse número é, até os 2 anos de idade, de 107 por 100 mil crianças. No caso do Brasil são 7 mil mortes/ano e 65% em águas internas.
Os fatores de risco para afogamento podem ser enumerados:
1. Mais frequente entre meninos;
2. Idade inferior a 14 anos;
3. Uso de bebidas alcoólicas;
4. Baixa condição financeira;
5. Educação pobre;
6. Residir em área rural;
7. Exposição à água;
8. Comportamento de risco;
9. Falta de supervisão durante o acesso;
10. Epilepsia (aumenta o risco de 15 a 19 vezes).
Ocorrendo o evento, a tragédia é iminente, pois a dificuldade de salvar, com boas condições cognitivas, uma pessoa vítima de afogamento grave é uma exceção e não a regra.
(Na próxima coluna, que será publicada em 15 e 16 de março, o tema terá seguimento)