O tratamento da catarata, turvamento do cristalino apontado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa de cegueira, está dando um salto de qualidade no país. Isso porque, as primeiras cirurgias a laser começam a ser realizadas por um grupo restrito de especialistas que já estão capacitados para usar a nova tecnologia. Por enquanto, são 7 equipamentos instalados em todo o Brasil.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a catarata é a doença ocular que mais cresce no Brasil por causa do aumento da população com mais de 60 anos. A projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de que em 2020 seremos 40 milhões de brasileiros nesta faixa etária. Levantamento da OMS mostra que a catarata atinge 17% das pessoas entre 55 e 65 anos, 47,% das que têm entre 65 e 75 anos e 73% das que têm mais de 75 anos. A doença responde por 350 mil casos de cegueira no Brasil e 18 milhões no mundo.
Ele afirma que de acordo com estudos internacionais a técnica personaliza o procedimento, o torna mais seguro e reduz a necessidade de usar óculos. Entretanto, ressalta, o resultado refrativo após a operação depende do conhecimento que cada cirurgião tem sobre a fisiologia da córnea e outras condições de saúde que interferem na qualidade da visão.
Cirurgia convencional
O especialista afirma que independente da técnica, toda cirurgia de catarata segue cinco passos: incisões na córnea, capsulotomia (incisão da cápsula do cristalino), quebra e remoção do núcleo da catarata, remoção do córtex e implante de lente intraocular que vai substituir o cristalino.
Na cirurgia convencional as incisões são feitas manualmente, o que exige grande habilidade do cirurgião. Ao contrário do que muitos imaginam, Queiroz Neto afirma que a remoção do núcleo e do córtex são feitos por ultrassom, não por laser. “O tempo prolongado de exposição ao calor do ultrassom induz ao astigmatismo e faz muitas pessoas precisarem usar óculos após a cirurgia”, comenta.
Cirurgia a laser
O especialista explica que o sistema possui dois componentes integrados: um laser de femtosegundo, tecnologia utilizada na cirurgia refrativa feita inteiramente a laser, e uma OCT (tomografia de coerência ótica). Mas a aspiração do cristalino continua sendo feita pelo ultrassom.
A OCT tira medidas das duas faces da córnea, do cristalino e da câmara posterior que são projetadas em telas para o cirurgião programar os cortes da cirurgia conforme a anatomia de cada olho.