Todos os dias há algo que nos desperta angústia; seja algo simples como perder o horário do ônibus para irmos trabalhar, ou ainda de algo pior, como um possível assalto, por provas finais da faculdade, sensação da falta de controle em uma situação (são tantas!) e já ficamos angustiados. A angústia, em suas mais diversas nuances, é comum e, em certo grau, até necessária para a nossa sobrevivência.
A angústia serve como defesa para indicar que existe algo que é perigoso ao nosso redor e também dentro de nós próprios; ou seja, é uma preparação ao perigo – interno ou externo. Isto significa que a angústia (ou ansiedade em termos psiquiátricos) prepara o indivíduo para uma situação em que ele esteja em risco para uma possível fuga ou uma situação de enfrentamento.
Porém como entender quando há a sensação de angústia e não se tem uma explicação de algo da ordem do real? Ou ainda quando falamos em angústia sem termos uma situação que seja forte o suficiente para desencadear tamanha sensação? Qual é a fonte dessa manifestação?
Essas são perguntas que muitos sujeitos se fazem quando se tem alguns dos sinais da angústia, como taquicardia, respiração acelerada, medo sem motivo ou quando há um transbordamento de angústia que desemboca em uma crise.
Nessas situações intensas de angústia ou em crise, entra-se em sofrimento psíquico; por vezes, a intensidade é tão grande que é muito comum ocorrer uma estagnação do pensamento, uma incapacidade de poder fazer uma ligação entre essa sensação física, esse desconforto, com algo da ordem das ideias. A partir dessa angústia intensa, há uma queda no nosso desempenho no trabalho, nos estudos, enfim nas atividades que temos no dia-a-dia. A energia de antes que estava disponível para essas tarefas diárias já não existe mais; pode-se dizer que a situação está como um “buraco sem fundo”, pois não há retorno.
Por isso, em um momento como esse, é necessário e muito importante estarmos atentos a esses sinais, para podermos começar a identificar melhor o que é que está acontecendo conosco. A ajuda de um profissional qualificado como o psicólogo pode ser muito importante, pois possibilitará um trabalho de busca de sentido; um significado àquilo que antes não tinha nome, inominável, possibilitando ao sujeito entender e metabolizar o que se passa internamente.
Élvis Herrmann Bonini é psicólogo clínico e psicanalista em formação