Colinho pra que te quero!

Medicina & Saúde - coluna semanal de Sueli Gehlen Frosi

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Todos temos dias bem pesados, mesmo sem conseguir identificar de onde vem esse peso. Pois os últimos dias foram um exemplo disso. Fiquei esperando melhorar fazendo atividades agradáveis, mas os dias passaram arrastados.

Consegui um bem estar incrível no domingo, fazendo algo bem simples e de fácil alcance, caso precise, de novo, acalmar meus batimentos cardíacos e pausar a respiração como deve ser.

Tive cinco filhos e dei a eles muito colo, mas colo para filho tem quase sempre  pouca duração. Com os filhos vieram as responsabilidades inerentes à função de ser mãe. Tive que dar conta da vida e isso tem uma amplitude difícil de dimensionar. Era impossível parar tudo e dar colo a um bebê por três horas, a não ser que ele estivesse doente.

Pois no domingo eu consegui dar um colinho desses bem longos para o meu netinho de seis meses. Ele já sabe de quem ele consegue esses chamegos, para alegria da vovó Vilma e da vovó aqui. Ele chorou, ou melhor, fez de conta que chorou por alguns minutos até que, subitamente amoleceu e acomodou-se no meu ombro. E eu fiquei lá, parada, com medo de me mexer e acabar com o momento.

Depois de um tempo, já meio amortecida pela imobilidade, comecei a acomodar o Vicente e ele permaneceu quieto, respirando como um passarinho. Aproveitei para harmonizar minha respiração com a dele. E aquietar meu coração com o dele. E fui sentindo o relaxamento que vem da consciência de que não há problema algum em ficar assim por horas. Sou só uma vovó. Não tenho responsabilidades nem preocupações em fazer sopinha, dar de mamar, amassar frutas, cuidar da roupa. Isso quem faz são os pais.  A mim cabe dar o que não tive tempo de dar em abundância para os filhos.

Mas, como todo encantamento, o meu também acabou. Aos poucos Vicente foi acordando. Olhou em volta e quando viu onde estava, sorriu com vontade e eu aproveitei pra cheirar, aconchegar e brincar muito com ele.

Ao primeiro sinal de que haveria problema de fome, entreguei-o aos pais. A minha função estava cumprida. O meu marido e eu pegamos o rumo de casa com muita disposição de começar uma semana que promete. Pensando na semana que promete, dei-me conta de que não tivemos férias, o que explica a sensação de lerdeza dos últimos dias.

Em casa pensei no fato de que o Vicente pode contar com as vovós e o vovô, por que o revezamento impede que todos tenhamos dor nos joelhos e nas costas ao mesmo tempo. Podemos dar muito colo e brincar no chão, mesmo que depois a gente precise usar umas pomadinhas aqui e ali. 

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