Imagine entrar em uma casa com aquele estilo bem vovó, aconchegante e com estilo e encontrar quartos cheios de histórias, ícones e detalhes que se completam, e ser recebido com uma xícara de café preparada na hora com um toque de canela. Não é assim que você imagina um brechó não é? Pois a proposta da Posh Brechó & Personal Stylist é justamente essa, que você entre e se sinta em casa para garimpar peças carregadas de história.
Para a dona da casa Viviane Pante, as anfitriãs da Posh Brechó são as peças de roupas, os calçados e acessórios de segunda mão, voltados para o público feminino e com foco no consumo consciente, no estilo de cada uma e na história que cada peça apresenta. A ideia é antiga, Viviane estudou moda e sempre gostou do conceito dos brechós. A inspiração veio de uma viagem para a Europa, lugar em que os brechós são muito comuns. “É uma questão bem cultural, eles têm um consumo bem consciente por lá e o brechó não é voltado para as classes mais baixas, ele atinge todas as classes. As pessoas realmente buscam comprar em brechós assim como em qualquer outra loja”, comenta.
No brechó, Viviane trabalha com diversos conceitos. O mais importante deles é o estilo. Ela explica que existem grandes diferenças entre moda e estilo. “Moda é aquilo que a maioria das marcas viu de tendência, você pega pitadas do que todo mundo está usando e faz sua coleção. Estilo não, se você tem um estilo próprio ele independe do que está se usando e também tem muito mais a ver com o brechó, porque a gente não vende moda, a gente vende estilo, peças individuais que tenham a sua cara, é uma coisa extremamente particular, não é um consumo em massa”, explica a dona.
Dessa forma, um dos estilos que o brechó faz questão de apoiar é o Hi-Lo, uma tendência que surgiu da mistura das palavras high (alto) e low (baixo) e faz referência a combinação de peças de alto e baixo custo. “A gente quer pregar, enquanto brechó, esse misto, porque o estilo tem tudo a ver contigo desde a sua essência, sua personalidade, seu jeito de ver a vida. O vestir não é simplesmente o jeito que você olha uma peça. Tem até um pouco de arte se você for ver, porque foi você quem criou, não é algo que você vê numa vitrine e pega pronto”, lembra Viviane.
Cada canto, uma história
O estilo é justamente o diferencial da Posh Brechó. Divida em três quartos, em cada um dele a casa apresenta um personagem. O primeiro é dedicado a Maria Antonieta, que representa toda a casa e é a personagem ícone do brechó. Viviane explica que a escolha foi devido a grande relação que a rainha tinha com a moda, suas coleções de sapatos, de diamantes e até a maneira que encontrou de se destacar através da maneira exuberante de vestir. O quarto do meio traz como ícone o ator James Dean e é recheado de peças em jeans e em cores mais escuras. E o último quarto traz o grande ícone da moda, a estilista Coco Chanel, com direito a um cantinho para leitura com livros de moda, beleza e design. Cada quarto apresenta toda a história de seus personagens e a relação com a casa.
Ainda existe preconceito?
Apesar de ser popular em muitos países da Europa e até mesmo em algumas cidades do nosso país, ainda é raro você ouvir alguém dizer por aí que compra em brechós. Viviane conta que percebe que a visão sobre brechós ainda é de um lugar com roupas velhas e bem usadas, mas ela comemora que isso, aos poucos, vem mudando. “Existem movimentos, como o slow fashion, que buscam um consumo mais consciente, mais calmo. Não é só por gostar de brechó, é por estar dentro de um movimento que não quer só a moda pela moda, em que você pode buscar a sua própria identidade, o seu estilo e não excesso que todo mundo tem e vê por aí”, conta. Mesmo assim, ela comenta que desde que abriu a casa Posh Brechó, em novembro de 2013, encontrou muito mais pessoas querendo vender suas roupas usadas do que comprar. Por isso, o investimento em tornar a casa um lugar agradável. “A casa tem estilo vovó, do ontem, aconchego pra que tudo se complete, pra não ser só a compra pela compra, pra não ser essa forma fria, é uma casa para as pessoas virem, garimparem, ficarem o tempo que quiserem, conversarem. Tudo aqui vira história”, conclui.
Quem já comprou em brechós
A publicitária Camila Teixeira é uma das pessoas que já buscou peças em brechó. Segundo ela, adquirir peças em brechó não é uma simples compra e exige toda uma sensibilidade, já que as clientes, como ela, buscam uma inspiração e referências para o dia-a-dia. “Costumo ir em busca de vestimentas que um dia foram vistas como galenteio da época, para torná-las casuais. Acho que não existe isso de você usar um vestido, por exemplo, nas datas específicas de comemoração, quando o conforto e encanto que ele possui na liberdade, sutilidade e charme, podem ser expressadas todos os dias. E isso cabe para todas as roupas nas mais distintas décadas”, comenta. Assim como Viviane, Camila também lembra que o brechó não é só um lugar para atirar ou desfazer de peças que criam poeira ou mofo no guarda-roupa: “o brechó deveria ser visto e apreciado como um templo, onde o que se vale não é o preço em reais e sim a troca de valores que acontece. Quando você bate o olho em uma peça, e naquele momento de paixão a primeira vista, é um caso que promete te colocar em outra dimensão mais bonita, divertida e fascinante”, brinca a publicitária.
Retrô ou vintage?
Quando falamos em brechós logo nos vem na cabeça termos como retrô e vintage, mas poucos sabem que existe uma diferença nos termos. Viviane explica que uma peça retrô é aquela que tem a cara do ontem, mas com a tecnologia do hoje. “Isso acontece até em móveis. Você vê uma peça com o design do ontem, antigo, do que foi feito no passado só que ela tem toda uma tecnologia e foi refeita no hoje. Com as roupas também: são peças que foram usadas em outras décadas, mas hoje elas ganham outras modelagens, outros tecidos’, ensina. Já se você encontrar por aí uma peça de outra década, que alguém usou e guardou até hoje, então ela é vintage. “Ela não é uma releitura, é uma peça antiga mesmo, que é o mais difícil de achar”, explica Viviane.