Desatenção/Hiperatividade e início das aulas

Medicina & Saúde - coluna de José Renato Donadussi Pádua, médico neuropediatra.

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A coluna abaixo já foi escrita por mim em outra publicação de circulação periódica, mas devido à importância do assunto escrevo-a novamente, com alguns acréscimos.
Um bom rendimento e aproveitamento escolar dependem de múltiplos fatores, e isto é discutido, rediscutido, analisado, estudado, por todos aqueles que estão envolvidos com o processo de educação e ensino/aprendizagem.
Com o início das aulas, uma questão sempre presente nas escolas, e nas famílias, é com relação à desatenção e à hiperatividade. Uma criança desatenta não significa necessariamente que apresente transtorno de desatenção, bem como uma criança com o comportamento hiperativo não significa necessariamente que apresente transtorno de hiperatividade, pois em determinado período evolutivo das crianças a distração e o comportamento um pouco mais agitado pode, inclusive, ser normal. Porém, o TDAH (Transtorno de Desatenção e Hiperatividade) existe, é real, comprovado cientificamente, está presente em todo o mundo, em todas as culturas, acomete muitas crianças, adolescentes e, até mesmo, adultos. E a pessoa portadora deste transtorno sofre e tem o seu desempenho afetado, seja na vida pessoal, acadêmica ou profissional. O diagnóstico criterioso deve ser feito por um médico, o qual investiga inclusive condições médicas outras que possam cursar com sintomas de desatenção e comportamento hiperativo, bem como condições associadas ao TDAH (co-morbidades como, por exemplo, transtorno desafiador e opositivo, transtorno de conduta, depressão, ansiedade, dislexia, entre outros).
Uma vez feito o diagnóstico correto, o tratamento é feito principalmente com medicamentos específicos, cujas principais classes são psicoestimulantes e tricíclicos, os quais, apesar do tratamento ser individualizado, são efetivos e eficientes na grande maioria dos casos.
Muitas inverdades são ditas empiricamente quanto aos medicamentos para TDAH.
Efeitos colaterais existem, como quaisquer medicamentos, porém quem pode minimizá-los ou eliminá-los são os médicos.
É claro que o tratamento do TDAH não se resume ao simples fato de medicar (fator este muito importante), mas exige o envolvimento da família, dos professores e, em alguns casos, a atuação de equipe multidisciplinar (psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais...)
As consequências de não tratar corretamente e na época adequada são muito maiores do que aquelas que envolvem tratar e medicar com critério e conhecimento científico.

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