Recém-nascidos e bebês: atenção aos cuidados de saúde

Medicina & Saúde - Especialmente para pais de primeira viagem, a chegada do filho e os primeiros meses geram diversas dúvidas.

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Cólicas costumam aparecer a partir da segunda semana de vida do bebêCólicas costumam aparecer a partir da segunda semana de vida do bebê
Cólicas costumam aparecer a partir da segunda semana de vida do bebê
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São nove meses de espera, preparação do quarto, das roupinhas, pilhas e pilhas de fraldas descartáveis compradas, lembrancinhas para os visitantes... Mas, quando os pais chegam com o bebê em casa, são tomados por dúvidas, dúvidas e dúvidas. Principalmente quando se trata do primeiro filho, é comum que nos primeiros tempos os pais não saibam diferenciar o choro de fome com o choro de cólica. Ou saber se a febre é motivo para correr para o pediatra ou pode ser cuidada em casa. Todas as questões são comuns, por isso, os pais não precisam, e nem podem, ficar apavorados.
“Existem várias doenças que podem ocorrer nos recém-nascidos, mas as principais, que ocorrem nos primeiros dias de vida são: icterícia neonatal (amarelão), dermatites em face e região das fraldas (problemas de pele), doenças respiratórias, doenças congênitas (presentes desde a gestação), doenças cromossômicas (síndromes) e doenças metabólicas (algumas detectadas no teste do pezinho)”, explica a médica pediatra Vanessa Castelli Canal.

Como agir em momentos de cólicas no bebê?
Uma das principais preocupações dos pais nos primeiros dias com o bebê em casa são as cólicas. Comuns, mas que podem deixar pais e mães quase doidos, a cólica costuma aparecer por volta de duas a três semanas após o nascimento do bebê. “Caracteriza-se por choro intenso e difícil de acalmar, o bebê pode encolher as perninhas e se arquear para trás, soltar gases e ficar com a face vermelha. Ocorre em bebês saudáveis e costuma acontecer por mais de três horas seguidas, mais de três vezes por semana por ao menos três semanas. O pico acontece aproximadamente nas seis semanas de vida”, destaca a médica.
Segundo Vanessa, é importante sempre lembrar que os bebês choram por outros motivos, como fome, fralda suja, quando estão assustados ou cansados. “Não é doença e costuma melhorar bastante entre três e quatro meses. As causas não são comprovadas mas a hipótese mais aceita é de que se trata de uma imaturidade do sistema digestivo”, salienta.

Para evitar as cólicas ou acalmá-las temos algumas medidas:
* Nas mães que amamentam no peito, evitar alimentos/líquidos que contenham estimulantes (como café preto, chá preto, chimarrão/mate, refrigerante, chocolate)
* Segurar o bebê no colo de barriga para baixo e enrolar em uma manta bem apertadinho
* Mantê-lo em ambiente calmo, sem muitos estímulos (barulho e luz)
* Colocar o bebê arrotar após as mamadas
* Colocar um pano aquecido na barriga (com muito cuidado para evitar queimaduras).


Entrevista

Medicina & Saúde – Quando a febre deve ser preocupante e motivo de procurar uma emergência médica?
Vanessa Castelli Canal – Primeiro é bom estabelecer o que é febre, ou seja, febre é a temperatura corporal acima de 37,8°C aferida com termômetro. Em segundo lugar, observar se a criança não está com excesso de roupas (causa muito frequente de febre quando os pais procuram as emergências). A febre é uma situação preocupante quando a criança não consegue desenvolver suas atividades normalmente e fica prostrada pelos cantos. Isoladamente a febre não é algo ruim, e a temperatura mais alta não é indicativo de gravidade. Se a febre vier acompanhada de sintomas como vômitos, diarreia, tosse ou manchas na pele, a ida à emergência é necessária, assim como se a criança ficar prostrada (abatida) mesmo quando os picos de febre passarem. Se não for o caso, dá para esperar 48h e procurar o pediatra no seu consultório ou ambulatório. Uma exceção importante são os recém-nascidos até os 60 dias de vida, quando em qualquer ocasião de febre, o médico deverá ser consultado.

Medicina & Saúde – Em que fase da vida o bebê pode sofrer de amarelão. Como os pais devem proceder?
Vanessa Castelli Canal – O amarelão é o que nós chamamos de icterícia, e quando ocorre no recém-nascido, que é o mais comum, chamamos de icterícia neonatal. É uma manifestação que pode ser fisiológica (normal) ou decorrente de patologia (doença) em consequência do aumento das bilirrubinas na corrente sanguínea, sendo sua manifestação clínica a icterícia (ou amarelão). Ocorre geralmente na primeira semana de vida do bebê. O pediatra sempre deve ser procurado para uma boa avaliação e se necessário coleta de exames laboratoriais, que dependendo da causa e dos resultados pode ser necessário fototerapia (banho de luz) e em casos mais raros exsanguineotransfusão (troca de sangue, procedimento realizado em UTI). Várias são as causas, desde o leite materno, incompatibilidade sanguínea, prematuridade, atraso na liberação do mecônio (primeiras fezes) e infecções. Por isso a necessidade de investigação.

Medicina & Saúde – Como identificar infecções na garganta ou otite em bebês?
Vanessa Castelli Canal – Recém-nascidos raramente têm infecções de garganta e/ou ouvidos. A amigdalite (infecção comum na garganta), ocorre geralmente após os 10 meses de vida, e pode ser causada por vírus ou bactérias. Os sintomas são dor ao engolir, febre, inchaço ao lado do pescoço e abaixo da mandíbula, dor de cabeça, calafrios, dor muscular e mau hálito. A otite média aguda (infecção comum no ouvido) também pode ser causada por vírus ou bactérias e é mais comum ocorrer após os seis meses de vida. Os sintomas mais comuns são febre, irritabilidade, choro intenso e contínuo, secreção nasal e falta de apetite.

Medicina & Saúde – Qual a importância das visitas regulares ao pediatra?
Vanessa Castelli Canal – O acompanhamento pediátrico regular, também conhecido como Puericultura, visa principalmente o bem estar da criança, provendo saúde e não somente tratando doenças. As orientações começam logo após o nascimento (amamentação, teste do pezinho, teste da orelhinha, teste do olhinho, teste do coraçãozinho, cuidados com o recém-nascido) e continuam após nas revisões mensais com orientações quanto às vacinas, higiene, desenvolvimento neuropsicomotor, curvas de crescimento, alimentação, exames periódicos, relação familiar e social.

 

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