Deve-se salientar que a população idosa no Brasil vem aumentando consideravelmente, e que apesar do aumento do acesso da população mais jovem ao dentista são poucos os idosos e mutilados bucais que tem acesso a reabilitações que promovam a saúde do idoso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza um mínimo de 20 dentes para uma mastigação satisfatória de um indivíduo. Será que os brasileiros se encaixam nesse contexto?
Colaboração Público-Privada: Dentre as formas de gerar acessibilidade a essa população a busca de parcerias entre entidades públicas e privadas se faz necessária, pois além de tratar os idosos, delas surgiram conceitos científicos de desenvolvimentos necessários à implementação de tratamentos reabilitadores a grande parte de uma população idosa.
Visando esta lacuna, desde 2011 o Instituto CIOB–SP, um centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada, realiza triagens para tratar o público da terceira idade – geralmente, são desdentados totais. O intuito é de reabilita-los com implantes dentários, desenvolvidos para serem mais eficazes e menos doloridos.
Tal projeto foi elaborado com a ajuda da iniciativa privada e o instituto. Através de estudos científicos foram desenvolvidos materiais tecnológicos e métodos que permitiram que esses pacientes de baixa renda fossem reabilitados completamente. A meta do instituto é reduzir custos com qualidade, rapidez e tecnologia. Os estudos são viabilizados através de parceria pontuais do setor privado; e no futuro próximo a intenção é de que essas parcerias sejam mais expressivas, capazes de tornar esse tipo de atendimento a um público real muito maior.
Mente, boca e intestino: dificuldade de digestão dos nutrientes, falta de mastigação, problemas psicológicos, baixa estima, insegurança e dificuldade de convívio social e desemprego eram queixas comuns, antes dos pacientes serem reabilitados de forma eficaz. Esses idosos também procuravam as unidades públicas de saúde e relatavam desconfortos digestivos e problemas intestinais severos – e que foram resolvidos graças a estas reabilitações modernas, eficazes e de baixo custo.
Uma real aproximação do SUS junto a universidades ou institutos de desenvolvimento e pesquisas nacionais poderá ampliar as técnicas e materiais já utilizados e, consequentemente, melhorar significativamente a qualidade dos desdentados totais no Brasil. Iniciativas como estas podem gerar ganhos práticos a uma população que em pleno século XXI continua abandonada, do ponto de vista odontológico.
Marcelo Sarra Falsi é dentista, mestrando e especialista em Implantodontia, professor-coordenador do Curso de Implantodontia do Instituto CIOB, centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada: www.ciob.com.br.