Estudos recentes mostram que mais de um terço da força de trabalho atual seja de indivíduos que dependem da voz como principal ferramenta de trabalho, ou seja, grande parte da força laboral compõe-se de trabalhadores que usam a comunicação no seu processo de trabalho. Uma vez que as alterações na voz sejam causadas pela exposição ao trabalho, esta é denominada: disfonia ocupacional.
Dia 16 de abril comemora-se o Dia Mundial da Voz, data pertinente para falarmos sobre voz ocupacional e seus problemas. Incluem-se como profissionais da voz cantores, professores, advogados, atores, jornalistas, religiosos, políticos, secretárias, profissionais da saúde, vendedores, ambulantes, agentes comunitários, etc.
O uso prolongado da voz associado a fatores individuais, ambientais e de organização do trabalho, contribuem para elevar a prevalência de queixas vocais, o que pode ocasionar situações de afastamento e incapacidade para o desempenho de funções, gerando impactos financeiros e sociais.
Os fatores de risco agravantes do distúrbio de voz no trabalho relacionam-se aos processos organizacionais: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga, acúmulo de atividades ou funções, demanda vocal excessiva, ausência de descansos e pausas durante a jornada, trabalho sob pressão, insatisfação com a remuneração, entre outros. Existem fatores ambientais que podem desencadear o distúrbio de voz: pressão sonora acima dos níveis de conforto, acústica desfavorável, desconforto e choque térmico, ventilação inadequada do ambiente, baixa umidade, presença de poeira e fumaça no ambiente de trabalho.
Já os fatores predisponentes individuais que podem causar alterações de voz contemplam: idade, sexo feminino, uso vocal inapropriado, alergias respiratórias, doenças de via aérea superior, influências hormonais, medicações, etilismo, tabagismo, falta de hidratação, estresse, refluxo gastroesofágico, entre outros.
Os sintomas de voz mais frequentes nos profissionais são: cansaço ao falar, rouquidão, sensação de garganta seca, esforço ao falar, falhas na voz, perda de voz, pigarro, instabilidade ou tremor na voz, ardência na garganta, voz mais “grossa”, falta de volume ou projeção vocal, dor ou tensão cervical.
O início dos sintomas é insidioso, predominando no final da jornada diária ou no fim de semana e diminuem após repouso vocal. Com o tempo, os sintomas se tornam mais presentes, contínuos durante a jornada de trabalho, sem recuperação, mesmo com repouso vocal. A esta altura, dificilmente o trabalhador consegue exercer a sua função, que exija uso da voz, com a eficiência esperada, podendo o quadro de alteração, já estar associado a sintomas de estresse psicológico.
Não deixe sua voz adoecer e seu desempenho laboral ser prejudicado. Faça uma avaliação médica clínica e procure um fonoaudiólogo para avaliar a sua voz e lhe instruir quanto ao seu correto e adequado uso, evitando incômodos e a instalação de patologias mais graves.