Conforme o dicionário do Ministério da Saúde (MS) erisipela é um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum nos diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores.
Apesar disso, não é uma doença contagiosa e ocorre porque uma bactéria (um Estreptococo) penetra numa pele favorável à sua sobrevivência e reprodução. A porta de entrada quase sempre é uma micose entre os dedos (as famosas “frieiras”), mas qualquer ferimento pode desencadear o mal. A pele mais favorável é a das pernas inchadas, principalmente nos pacientes diabéticos, obesos e idosos.
Os primeiros sintomas, segundo dados do MS, podem ser aqueles comuns a qualquer infecção: calafrios, febre alta, astenia, cefaleia, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele podem se apresentar rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço até a formação de bolhas e feridas por necrose (morte das células) da pele.
A localização mais frequente é nos membros inferiores, na região acima dos tornozelos, mas pode ocorrer em outras regiões como face e tronco. No início, a pele se apresenta lisa, brilhosa, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço aumenta, surgem as bolhas com conteúdo amarelado ou cor de chocolate e, por fim, a necrose da pele. É comum o paciente queixar-se de “íngua” (aumento dos gânglios linfáticos na virilha).
Quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão evidentes ou graves. No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com abscessos, ulcerações (feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. A seqüela mais comum é o linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela.
Tratamento
O tratamento consta de várias medidas realizadas ao mesmo tempo e só deve ser administrado pelo médico:
1 – Uso de antibióticos específicos para eliminar a bactéria causadora;
2 – Redução do inchaço, fazendo repouso absoluto com as pernas elevadas, principalmente na fase inicial. Pode ser necessário o enfaixamento da perna para que desinche mais rapidamente;
3 – Fechamento da porta de entrada da bactéria, tratando as lesões de pele e as frieiras;
4 – Limpeza adequada da pele, eliminando o ambiente propício para o crescimento das bactérias;
4 – Uso de medicação de apoio, como antiinflamatórios, antifebris, analgésicos e outras que atuam na circulação linfática e venosa.
Prevenção
As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as frieiras, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando manter as pernas desinchadas. Deve-se evitar engordar, bem como permanecer muito tempo parado, em pé ou sentado. O uso constante de meia elástica é uma grande arma no combate ao inchaço, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que possível.
Procurar um especialista quando apresentar qualquer dos sintomas iniciais da doença, relatados anteriormente.
Entrevista
Medicina & Saúde – O que é? Quando acontece?
Joyce Beck Utzig – A erisipela é uma infecção das camadas superficiais da pele, que também compromete os vasos linfáticos. É causada por bactérias chamadas estreptococos, mas os estafilococos também ser causadores ou complicadores da infecção. A erisipela acontece quando existe algum fator predisponente, como inchaço local, trauma, micose nos pés, diminuição da imunidade causada por diabete ou outras doenças.
Medicina & Saúde – Como dentificá-la?
Joyce Beck Utzig – A erisipela se apresenta como uma área vermelha na pele, um pouco edemaciada (inchada), geralmente bem delimitada, acompanhada de dor local, febre, mal-estar e aumento de gânglios. É imprescindível a avaliação médica para seu correto diagnóstico e tratamento.
Medicina & Saúde – Quais os riscos?
Joyce Beck Utzig – Os riscos da erisipela, caso não seja tratada precocemente, são a disseminação da infecção para a corrente sanguínea e para camadas mais profundas da pele, afetando muito a saúde do paciente. Além disso, a erisipela pode causar danos irreversíveis as vasos linfáticos, causando inchaço crônico nas pernas, o que predispõe a novas infecções.
Medicina & Saúde – Qual o tratamento?
Joyce Beck Utzig – O tratamento é realizado através de repouso, elevação do membro afetado e, principalmente, antibióticos orais ou injetáveis, dependendo da gravidade de cada caso. Alguns pacientes necessitarão internação hospitalar.