Por Rossana Braghini
No dia- a- dia somos "importunados" por fatos que gostaríamos que não existissem ou no máximo que obtivéssemos uma solução diferente da que conseguimos. Sabemos, porque não somos trouxas, que a vida é assim e em geral nos contentamos em reclamar para o ouvido disponível mais próximo: "Puxa que calor de matar!", "O trabalho hoje estava um inferno!"
E por aí vai... Assim tramitado o mal estar se desvanece.
Porém, existe um outro tipo de mal estar que nos acomete que não se esvai tão facilmente. Este se impõe e persiste mesmo contra nossa vontade. Tentamos através da racionalidade e da inteligência identificá-lo para melhor desconstituí-lo. Tudo em vão! O que conseguimos é apenas uma trégua temporária até que o sofrimento volte a se instalar.
O que acontece, neste caso, é que a razão, a inteligência ou o conhecimento prévio, por mais elevados que sejam, não se constituem na chave correta para abrir esta porta e dispersar o padecimento.
Este tipo de sofrimento é o que a psicanálise chama de SINTOMA. Para dissipá-lo, ainda que parcialmente, temos que convocar um outro tipo de saber que não o da razão, não o consciente. Temos que convocar o saber inconsciente. E como o saber inconsciente se revela? Apenas e tão somente quando falamos por associação livre e dizemos muito mais que supúnhamos dizer, então se manifesta um saber que até então era desconhecido. Mas a posteriori da associação livre.... sempre!
Rossana Braghini é psicanalista