O espaço que começa entre o Teatro Municipal Mucio de Castro e o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e se estende em forma de corredor, para alargar-se logo atrás dos prédios históricos, chamamos de Espaço Roseli Doleski Pretto.
Este território histórico foi usado até bem pouco como um estacionamento. Descendo para os lados da Rua Morom, encontramos uma escada bem antiga, que, vencida, nos leva ao Comitê da Cidadania, lugar que abriga um galpão onde funciona uma cozinha há muitos anos. O sopão da Dona Heloísa já alimentou muita gente o artesanato produzido ali gerou dinheiro e profissão para quem quis melhorar de vida.
Já na Morom, identificamos um prédio revitalizado, que é a nossa Biblioteca Pública. Lá não chove mais dentro, acho. Lá há paredes limpas, espaços para leitura, possibilidade de navegar na internet, jornais, revistas e, claro, muitos livros. Aquilo está uma beleza! Ela abriga também uma estante de obras de autores locais.
O espaço que descrevi esteve em festa na segunda feira desta semana. A Academia Passo-Fundense de Letras e a Secretaria de Cultura e Desporto conseguiram enfeitar o que antes era sujo, sem graça, maltratado. O corredor foi palco para o coral da UPF, com a regência do Maestro Montini. Foi um momento encantado. Estava começando a Semana das Letras.
A seguir, saindo do corredor, havia outro, feito de enormes painéis pintados artisticamente por grafiteiros locais, todos abordando a temática da Semana das Letras, enaltecendo o conhecimento, o cultura, os valores universais. Fomos apresentados a uma forma de arte jovem, reconhecida como uma linguagem popular importante, assim como o hip hop.
A Biblioteca Municipal recebeu a Semana das Letras com festa. Tivemos poesia e encantamento com a atuação do Bandinho de Letras da UPF. O grupo interpretou caracterizado poemas de vários autores, para uma plateia atenta e feliz.
As pessoas que acompanharam esse passeio pelo espaço histórico foram unânimes em dizer da alegria em ver aquilo tudo bonito, limpo e frequentado pela beleza de várias linguagens. Todos disseram que gostariam de poder usufruir mais daquilo tudo.
A emoção que sentimos explica-se por sentirmos que aquele espaço é importante. Ele nos fala do passado, da nossa história, do respeito pelos que nos antecederam. Fala-nos também que é possível tornarmos os lugares bem melhores do que são, faltando apenas iniciativas e vontade.
O sentimento que ficou é de que nós todos precisamos de pouco para sermos felizes de uma forma genuína. Ficou também a certeza de que em eventos assim, podemos abraçar amigos sensíveis, criativos, que torcem por uma cidade que é diferente. A nossa Passo Fundo é Capital da Literatura e nós queremos fazer jus ao título cada vez mais.
O relato de hoje só abordou o primeiro dia da Semana das Letras. Seria impossível descrever o resto da semana em um espaço tão pequeno. Pretendo fazê-lo na medida do possível, para que mais pessoas saibam que a literatura, o patrimônio arquitetônico e cultural, a arte popular, a música de qualidade estão sendo cuidados com muito carinho.