Hipertensão tem relação com casos de AVC

A hipertensão arterial é uma doença crônica que pode acarretar efeitos indesejáveis em todo o sistema circulatório, coração e rins.

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Hipertensão é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebralHipertensão é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral
Hipertensão é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral
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No dia 26 de abril foi comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Doença silenciosa e, muitas vezes, negligenciada a hipertensão tem ligação com a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e infartos. 

A hipertensão arterial é uma doença crônica que pode acarretar efeitos indesejáveis em todo o sistema circulatório, coração e rins. Problema de caráter progressivo, a doença tem relação com a ocorrência de infartos e acidentes vasculares cerebrais. 

A hipertensão é considerada um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), na maioria dos indivíduos a hipertensão arterial não causa sintomas, apesar da coincidência do surgimento de determinados sintomas que muitos, de maneira equivocada, consideram associados à doença, como por exemplo, dores de cabeça, sangramento pelo nariz, tontura, rubor facial e cansaço. Quando um indivíduo apresenta uma hipertensão arterial grave ou prolongada e não tratada, apresenta dores de cabeça, vômito, dispneia ou falta de ar, agitação e visão borrada decorrência de lesões que afetam o cérebro, os olhos, o coração e os rins.

Segundo o médico cardiologista José Basileu Reolon, “a hipertensão arterial é, antes de qualquer coisa, um fator de risco. Quando a pressão sobe a níveis anormais, maior ou igual a 140/90mmHg, (ou, como habitualmente é dito, 14/9) provoca várias alterações na circulação e com o tempo, se não adequadamente tratada, vai levar a lesões em órgãos vitais, como rins, coração e cérebro”, explica. Esta elevação pode acontecer por diversas razões, desde um componente genético a fatores ambientais. “O fator genético, é a herança, um indivíduo que tem pais com hipertensão arterial tem mais chance de ser hipertenso; e, os ambientais, são os fatores do dia a dia, por exemplo: a obesidade, a ingesta excessiva de sal, o consumo elevado de bebidas alcoólicas, estresse”, alerta o cardiologista.

Para identificar se uma pessoa tem hipertensão arterial basta fazer a medição: “mesmo em pessoas que não tem nenhum sintoma. Quando adequadamente medido e confirmadas em intervalos de tempo, os valores elevados já são suficientes para o diagnóstico”, completa. Uma vez identificada, a pressão alta deve ser tratada. “É fundamental e indispensável as mudanças dos hábitos de vida, o impacto de medidas simples como redução do peso, o início de uma atividade física e redução da ingesta de alimentos com alto teor de sal podem sem suficientes para estabilizar os quadros mais leves e assegurar uma resposta mais estável nos demais”, ensina.

Em alguns casos é necessário o uso de medicamentos. “Naquelas em que o tratamento farmacológico é necessário, este deverá ser contínuo e deve-se tomar o cuidado para não esquecer de tomar a medicação no horário adequado”, salienta o médico.

Entrevista

Medicina & Saúde – O que pode acarretar de problema na saúde se for adequadamente monitorada?
José Basileu Reolon – A hipertensão pode causar uma sobrecarga no sistema arterial é extremamente lesiva, causando ao longo do tempo danos no cérebro, com ocorrência de acidente vascular cerebral (derrames) ou demência, no coração favorece a ocorrência de infarto do miocárdio e também pode enfraquecer o coração levando a insuficiência cardíaca, finalmente, nos rins, traz como consequência insuficiência renal, necessitando, nos casos mais graves, de diálise.

Medicina & Saúde – Quais os fatores de risco para hipertensão?
José Basileu Reolon – Existem fatores ambientais que desencadeiam ou agravam a hipertensão arterial, os fatores mais conhecidos são o ganho de peso, o estresse, a ingestão de bebidas alcoólicas, a ingesta diária de sal elevada. Logo, assim que identificada a hipertensão arterial sistêmica é necessário a identificação destes fatores e uma mudança dos hábitos de vida. O importante é lembrar que o impacto de mudanças dos hábitos de vida pode ser medido, por exemplo, uma redução de peso de 10kg resulta em uma redução da pressão arterial sistólica de 5 a 20mmHg, a atividade física de 4 a 9 mmHg e a redução de ingesta de sódio de 2 a 8mmHg. Medidas para redução do estresse, como ioga também tem mostrado resultados positivos em alguns grupos. Em suma, a correção destes fatores é essencial para um bom manejo da pressão arterial.

Medicina & Saúde – Qual a relação da hipertensão com a incidência de infarto e AVC?
José Basileu Reolon – A hipertensão arterial sistêmica junto com outros fatores de risco como o colesterol elevado, o tabagismo, a diabetes e a história familiar são os principais determinantes de eventos cardiovasculares, principalmente o AVC e o Infarto do miocárdio. Existem tabelas de cálculo de risco, utilizada pela grande maioria dos profissionais da área de saúde, que agregam estes fatores e indicam o risco de eventos num período de 10 anos, com esta simples ferramenta, pode-se ter uma ideia do impacto da pressão arterial para cada indivíduo e permite estabelecer uma estratégia individualizada de tratamento.

Medicina & Saúde – Que tipos de cuidados devem ser tomados?
José Basileu Reolon – É importante conhecer a sua pressão arterial, fazendo medidas periódicas, porém, é importante se certificar que a medida foi feita de forma adequada, com aparelhos calibrados, e com a metodologia correta. Na eventualidade de apresentar medidas elevadas deve-se procurar orientação médica. Um médico vai avaliar a teu estado e indicar os exames adequados para cada caso.

Colaborou
José Basileu Reolon, médico cardiologista

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