Pesquisadores espanhóis identificaram dois novos biomarcadores que ajudam a detectar e prevenir o câncer de pulmão nas pessoas que padecem da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Segundo informações recentes do Hospital do Mar de Barcelona, onde o estudo foi realizado, os especialistas constataram pela primeira vez que se os níveis de oxidação e inflamação celulares estiverem elevados nas vias aéreas de aparência normal e afastados da lesão tumoral, poderia haver um câncer de pulmão. O estudo publicado pela revista 'Free Radical Biology and Medicine' é o primeiro que descreve os níveis de estresse oxidativo e de inflamação no sangue e nas vias aéreas - parte superior do aparelho respiratório - distantes da zona do tumor nos pacientes com câncer de pulmão.
O estresse oxidativo é o desequilíbrio entre a produção de oxidantes e de antioxidantes nas células, e é o responsável em parte pela deterioração celular. Em conjunto com a inflamação, são dois parâmetros relacionados com a progressão do câncer de pulmão. Até agora, as pesquisas tinham se concentrado no estudo destes parâmetros no sangue e no tecido tumoral, mas esta nova investigação os analisa pela primeira vez nas zonas do aparelho respiratório não afetadas pela lesão tumoral.
Os pesquisadores compararam as variáveis fisiológicas, clínicas e biológicas de 52 pacientes com câncer de pulmão, com e sem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Estes dados se compararam com um grupo controle de 21 pessoas sem câncer, a metade com DPOC e a outra metade sem esta doença. 'Independentemente da presença da DPOC, verificamos que os níveis de estresse oxidativo e de inflamação aparecem mais elevados no sangue e nas vias aéreas dos pacientes com câncer, em comparação com o grupo controle', explicou Esther Barreiro, pneumologista do Hospital do Mar.
O estudo também identificou diferentes biomarcadores que no futuro podem servir para prever o desenvolvimento de câncer de pulmão em pacientes com DPOC. O DNA danificado por oxidação e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-a), um tipo de proteína relacionada com a inflamação, mostrava valores mais elevados nos pacientes com câncer de pulmão e que ao mesmo tempo tinham DPOC. A DPOC se caracteriza por uma progressiva limitação crônica não reversível do fluxo aéreo, e é uma doença que não só afeta o pulmão, mas tem manifestações em todo o organismo. Ela é causada em 90% dos casos pelo consumo de tabaco.